A bancada do PSD na Assembleia Municipal de Belmonte, pela voz do seu líder, António Cardoso Marques, chegou a propor a retirada do documento, mas a maioria socialista, bem como a deputada da CDU, Rosa Coutinho, acabou por aprovar, na passada sexta-feira, 27, uma moção de repúdio pelo encerramento do balcão da Caixa de Crédito Agrícola, em Caria, que segundo esta entidade bancária está previsto para 31 de julho.
O tema acabou por ser discutido em dois momentos diferentes. Logo no início da reunião, quando a deputada do PSD, Margarida Paiva, apresentou uma recomendação intitulada “Manter a porta aberta e não erguer muros”, que serviria de “arma” para dialogar com a administração do banco, para sensibilizar para necessidade de manter o único balcão da vila, que tem “um papel crucial em Caria e no concelho”. Porém, a mesma foi rejeitada, em votação, pelo PS e CDU que disseram que a mesma deveria ser incluída aquando da discussão da moção de repúdio, já no final da sessão.
Nesse segundo momento, a deputada da CDU, Rosa Coutinho, lamentou a “falta de responsabilidade social” do banco, o único na vila, e disse que este “deveria dar ouvidos aos clientes” que já ameaçaram retirar as poupanças. Por seu turno, Luís António Almeida, do PS, recordou que já em 2022 a assembleia aprovara uma moção a contestar a redução de horário no balcão, disse que não se pode associar o caso de Caria à Benquerença (Penamacor) porque são balcões que dependem diretamente de administrações regionais diferentes, mas que se tem de lutar contra o fecho. “Enfraquece a localidade e o próprio concelho” vinca do deputado, reconhecendo ser difícil alterar o rumo por se tratar de uma entidade privada. “Mas não se pode atirar a toalha ao chão”, salienta.
António Cardoso Marques, já anunciado como candidato do PSD à Câmara nas próximas autárquicas, criticou os socialistas por “repudiarem” a Caixa. “Está a dizer à administração que a rejeita e não é repudiando que se negoceia” disse. O deputado desafiou mesmo os socialistas a pedirem à Caixa Geral de Depósitos, entidade pública, a “efetuar serviço em Caria” e acusou a Câmara de ser responsável pelo “definhar” de muitas atividades económicas no concelho. “Anda sempre a correr atrás do prejuízo, no chamado trail do desinvestimento” afirma, aconselhando os responsáveis a analisarem o porquê do “declínio geral do concelho”.
Paulo Borralhinho, vice-presidente da Câmara, pediu aos social-democratas que lhe fizessem chegar a recomendação elaborada para encaminhar para a administração da Caixa de Crédito Agrícola, com quem ainda quer reunir para evitar este desfecho.
Recorde-se que a 7 de junho a população de Caria saiu à rua, contestando o fecho do único banco da vila, que argumenta a falta de movimento para encerrar. O presidente da Junta, Silvério Quelhas, desafiou mesmo o povo a retirar todas as poupanças.