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Aqueles a quem o vírus “roubou” o Natal na “terrinha”

O que vai ter em comum o Natal de Sandra, Tiago, Simão e Cristina? A saudade da terra. Todos eles, naturais ou com raízes na Beira Interior, se habituaram a, no Natal, regressar “a casa” para passar a quadra festiva com os seus, já que, por motivos profissionais, foram obrigados a sair da região, ou de Portugal. Este ano, não vão seguir esse hábito. Motivo: a pandemia.

Num Natal em que tanto o Governo como a DGS apelam a que as famílias se mantenham à distância, quando se trata de agregados familiares diferentes, evitando assim ajuntamentos, estes quatro beirões optam por seguir a regra que, dizem, é a melhor para fazer face à covid-19: o bom senso. E, assim, a desgosto, passam o Natal onde costumam passar os restantes dias do ano.

Tiago Mateus, 35 anos, é natural de Vale Formoso, no concelho da Covilhã. Emigrou, por motivos profissionais, há nove anos, para França, onde trabalha como motorista de pesados e operador de máquinas. Não se lembra de um único ano em que não tenha vindo à terra, fosse para passar o Verão, ou o Natal. Por isso, 2020 ficará na memória. Pelos piores motivos. “Este ano, nem uma coisa nem outra. A última vez que fui a Portugal foi em Dezembro do ano passado. Custa bastante, pois ir no Natal a casa é um hábito que faço sempre questão de cumprir desde que, há nove atrás, deixei o nosso País” frisa. Para Tiago, estar com a família nesta altura do ano “torna tudo ainda mais especial”, sobretudo porque “os meus filhos não têm outras oportunidades de ver os avós a não ser nestas ocasiões”. Para este natural de Vale Formoso, o que mais vai custar é estar, na noite de 24 de Dezembro, “longe da família, dos amigos”. Ficam as saudades “da fogueira de Natal, da aldeia, e das aldeias vizinhas, pois costumo sempre ir dar uma volta por outras, como Aldeia de Soito, Belmonte e Valhelhas, embora este ano também não haja madeiros”.

Redes sociais ajudam a atenuar distância

Para combater a distância, Tiago Mateus irá recorrer à vídeo chamada. “Felizmente que hoje a Internet e as redes sociais nos dão esta oportunidade, pois ajuda a atenuar um pouco a saudade. Até mesmo na questão dos presentes, conseguimos encontrar uma solução para conseguirmos dar e receber. Seja por empresas de transportes ou até através de amigos que fizeram a viagem nestes últimos dias” explica.

Sandra Ferreira, não sendo natural da Beira (nasceu em Lisboa) tem as suas origens por cá. A mãe é de Vila Franca das Naves, no distrito da Guarda. O marido, e sogros, são de Penamacor, distrito de Castelo Branco. E, por isso, normalmente, o Natal é por cá. “Este ano, não vou, devido à pandemia. Custa um pouco, mas tem que ser” frisa, resignada.

Já para Cristina Sousa, 52 anos, nascida e criada em Belmonte, não ir à terra, seja na quadra natalícia ou não, “faz-me mal”. A jurista, que trabalha na Ordem dos Enfermeiros, em Lisboa, onde hoje reside, depois de em 1988 ter deixado a terra de Pedro Álvares Cabral para estudar em Coimbra (onde viveu até 2013), afirma que “não obstante ter saído de Belmonte, Belmonte nunca saiu de mim. É lá que estão as minhas raízes, a minha família, os meus amigos de sempre”. E por isso, o Natal na sua terra “tem um sabor especial. Com o madeiro, a Missa do Galo, a família, os amigos, os reencontros, sempre com o testemunho dos “bicos” do castelo” afirma, numa expressão típica da vila.

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