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Aqui há milhares de livros que são companhia de convívio cultural

Abriu a 17 de fevereiro, na Avenida Eugénio de Andrade, pelas mãos de um imigrante sul-africano, uma livraria que é também um espaço cultural que convida quem passa “a ser quem é”

João Ferreira

Loja 6, número 80, Avenida Eugénio de Andrade, Fundão. É aqui, em rua com nome de poeta, que nasceu uma livraria que se afirma também como um espaço de convívio cultural. Seria notícia já isto, mas acresce o ter acontecido pelas mãos de um imigrante residente no Fundão.

Livros Tintos, assim se chama, especializa-se no mercado em segunda mão e em livros de autores e editoras regionais que Gabriel Maritz, homem sul-africano vindo do Reino Unido, inaugurou no Fundão como espaço de “slow culture”.

Maritz, que também assina como Zeff Ryder quando a sua lide é outra – é músico  e escritor – chegou ao Fundão em 2022. Mas a sua primeira vez tinha sido um ano antes. Na altura, veio por acaso, como alguém que aponta aleatoriamente para um mapa.  Hospedado na Avenida da Liberdade, encantou-se com “as montanhas em vários lados”  e teve uma espécie de epifania: “este é um bom sítio para abrir uma livraria”, pensou.  Quando queremos entender o motivo, diz-nos, na retórica poética do subentendido, que “é algo que não se consegue expressar muito bem, apenas sentir”.

Habituado a mudar de cidade a cada seis a sete anos, Gabriel percebeu na  pandemia que era altura de uma transformação, e este território ajudou: “O Fundão  tinha algo de mágico, foi por isso que fiz a mudança, para começar uma nova vida”, diz.

Dois anos depois, eis a Livros Tintos. Maritz conta ao NC, ainda em português  esforçado mas percetível, como ela surge na cidade: “O Fundão é uma cidade cheia de  cultura, escritores, arte, música… Por essa razão, tive o sonho de fazer este espaço aqui  para quem tem interesses nestas coisas, um espaço para cultura, para a comunidade, um espaço onde as pessoas se possam reunir”.

Neste propósito, organiza também eventos, como o da passada sexta-feira, que  envolveu jazz e poesia, ou a exibição do filme “Pela Estrada Fora” dia 30 deste mês,

baseado no livro homónimo de Jack Kerouac, em parceria com o Cineclube da  Gardunha.

Maritz ressalva, no entanto, que é o livro o motor do espaço. Aqui, a maior parte  das estantes estão ocupadas por livros em segunda mão. Enumera: “2000 livros em  português, mais de 2000 em inglês, há também em francês e alemão e dois ou três em  sueco”. Ri-se, ao notar que a Livros Tintos é também um ponto de fusão de várias  culturas, tal como a sua própria história.

Outra característica da Livros Tintos é o espaço dedicado a autores e editoras  locais. “Para mim é muito importante apoiar escritores da região, sejam do Fundão,  Covilhã, Castelo Branco, Guarda, Penamacor…”, diz ao NC, lançando o apelo: “se és  escritor, traz os livros que eu coloco à venda”.

Perguntamos se é aqui que se imagina viver nos próximos anos e a resposta é  imediata: “Sim”. Gabriel Maritz, sul-africano, depois de largas temporadas em cidades  do Reino Unido, chega ao Fundão e não esconde o “carinho especial por esta região e por todas estas pessoas”. A elas, decidiu abrir-lhes uma livraria, para onde convida: “Vem à  Livros Tintos passar um bom serão, ser quem és, ser livre”.

 

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