A Covilhã vai ganhar um novo mural, em abril, no número 101 da Rua Rui Faleiro, não nos moldes habituais, mas em azulejo e resultado de uma parceria entre 15 utentes da Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental (APPACDM) da Covilhã e de alunos da Escola Campos Melo, no âmbito do Wool +, uma extensão do mais antigo festival de arte urbana do país.
Até setembro decorre o Wool +, projeto que pretende fomentar a acessibilidade e uma maior inclusão das pessoas com vários tipos de deficiência à arte criada pelo Wool, que se realiza na cidade desde 2011.
O novo painel, tal como mais dois dos já existentes, vão ter acopladas outras camadas de informação para permitir a leitura e interpretação por parte de pessoas com deficiência e surdas.
As três pinturas vão disponibilizar meios de comunicação aumentativa, braille, réplicas tácteis, audiodescrição e língua gestual portuguesa, embora o objetivo dos promotores do Wool seja, “sempre que possível, ir adicionando esses recursos de acessibilidade” ao longo do tempo.
Uma das fundadoras do Wool, Lara Seixo Rodrigues, explicou que estas ferramentas “são caríssimas” e, para já, serão adicionadas a apenas três murais, embora tenha salientado, durante a apresentação do Wool +, na segunda-feira, 11, que “este projeto não acaba aqui” e o desejo da equipa é adicionar esses recursos a todas as pinturas, 46 peças de grandes dimensões e mais de vinte em formato menor.
Os utentes da APPACDM já fizeram uma visita guiada com os alunos da Campos Melo pelo Roteiro de Arte Urbana da Covilhã e todas as semanas, até março, realizam-se sessões semanais, numa residência artística orientada pelo artista Mantraste, numa lógica de os participantes, espetadores, passarem a envolver-se a criação artística.
Lara Seixo Rodrigues considerou o Wool + um projeto “muito desafiante” e “complexo e ambicioso”. “A Covilhã é exemplo de que a arte urbana tem este potencial de transformação único, de envolvimento, tem uma naturalidade que permite o diálogo com qualquer público”, referiu.
O momento foi aproveitado para desafiar o município a adquirir uma cadeira de rodas todo-o-terreno, que permita a pessoas com mobilidade reduzida vencer a orografia da cidade e visitar as obras.
“Porque não dar esse primeiro passo?”, respondeu o vereador com o pelouro do Turismo, José Miguel Oliveira, que elogiou esta vertente para tornar o Festival de Arte Urbana da Covilhã “mais integrador e mais inclusivo” e enalteceu a capacidade do Wool em “acrescentar valor”.
O vereador acentuou que o festival volta a ser “pioneiro”, promovendo a inclusão, e disse que o município tem olhado para o festival como uma “aposta estratégia” do ponto de vista turístico e de valorização do centro histórico da cidade.
Entre 19 e 21 de abril é inaugurado o mural, há visitas guiadas, decorrem oficinas e realiza-se um concerto com os 5.ª Punkada, banda que integra dois elementos com deficiência.
Entre 13 e 27 de junho é apresentada a exposição fotográfica de Miguel Oliveira sobre o processo da residência artística e a estreia de um filme documental da autoria de Vasco Mendes.