Que dificuldades encontra, a nível social, na Covilhã?
A falta de mobilidade social, ou seja, a repetição de um ciclo de pobreza. Isso faz com que gerações e gerações não vejam progredir as suas condições económicas, sociais, habilitações e isso faz com que as comunidades acabem por ser muito segmentadas. As mesmas famílias vivem com as mesmas dificuldades há várias gerações.
A dificuldade está a ser ultrapassada?
Não acho que esteja a ser ultrapassada, porque os rendimentos das famílias não aumentam, o nível de escolaridade também deveria ter outro progresso, para que corresponda a competências que possam contribuir para um projeto de vida individual. Uma carreira, uma atividade que traga rendimento e inserção na comunidade que possa trazer reconhecimento. Não precisa ter sucesso, mas reconhecimento pessoal e da comunidade.
Como é que se pode mudar isso?
As novas gerações e as crianças podem ter essa repercussão. A escola faz toda a diferença na quebra desse ciclo de pobreza, seja nas melhorias da escolaridade e das competências dos pais que acompanham os filhos. Não é só completar os ciclos de ensino, mas que corresponda a uma aprendizagem efetiva é que fará a diferença na vida das pessoas.
A comunidade covilhanense está atenta ao outro?
O facto de não ser uma cidade grande, e de as pessoas se conhecerem, criam-se aqui relações de vizinhança que realmente são de proteção do próximo. Estou certa disso e até em termos de migração que chega, noto que há sinais de bom acolhimento.