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As três lições das legislativas 2024

Nuno Ezequiel Pais

Conselheiro Nacional do PSD

 

 

Terminadas as eleições, e apesar de não estarem ainda, à data, contados os votos da emigração, há diversos factos que todos podemos constatar.

Que a luta entre a Aliança Democrática e o PS foi renhida. Que o País quis a mudança (ou o PS teria mantido a maioria absoluta). Que o centro-direita e a direita elegeram mais

deputados do que o centro-esquerda e a esquerda. Que o Chega é o maior fenómeno eleitoral depois do PRD. Que a IL e o BE, apesar da ligeira subida nos votos, não ganharam relevância parlamentar (não ajudam a fazer qualquer maioria). Que o Livre e o PCP já cabem num táxi, mas isso só alegra um deles… E que o PAN não conseguiu voltar a ter grupo parlamentar.

Mas uma coisa são os factos e outra são as conclusões. E, para lá das conclusões, existem também as lições. São três as lições – para mim – mais importantes.

 

  1. “O poder não se ganha, o poder perde-se”

 

Luís Montenegro é um bom político. Provou-o nos debates e na forma exemplar como se comportou durante toda a campanha. A AD tinha excelentes propostas. Mas, se o Partido

Socialista tivesse governado bem, nem Montenegro nem a AD tirariam ao PS a cadeira do poder. A má governação tem muito peso e faz o povo querer mudar. É que o PS nem sequer teve maioria relativa: passou de absoluta para derrota.

 

  1. Os portugueses querem que se governe ao centro

 

Os votos nos partidos do arco governativo rondam os 60%. Isso mostra que, mesmo descontentes, os portugueses escolhem a segurança, o humanismo e a maturidade.

Para além disso, é a partir do centro que se tem melhor visão sobre todo o país. Da ponta direita vê-se mal o que está à ponta esquerda, e vice-versa.

 

  1. A votação no Chega é um “abre-olhos”

 

O Chega tem muitos apoiantes xenófobos, racistas, radicais. Gente que suspira por um Salazar, que detesta homossexuais, que abomina ciganos e gente que vem de fora. Sim,

isso é verdade. Mas a esmagadora maioria dos votantes do Chega são pessoas normais, que apenas estão fartas. Fartas do mau funcionamento dos serviços públicos, fartas de

corrupção, de maus governos, de ver sempre os mesmos a sofrer e os jovens a emigrar.

Essas pessoas não são burras: sabem que André Ventura não tem soluções nem convicções (diz tudo a todos), mas veem no Chega a única forma de protesto. E esse

posicionamento tem de ser estudado com cuidado. Porque uma boa parte dos autoritarismos nasceram de eleições democráticas… e da exasperação popular.

Cada um tire as suas lições. Estas são as minhas.

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