A Câmara da Covilhã vai aumentar para 657 mil euros mais IVA o valor do concurso público para a adaptação das antigas instalações dos Serviços Municipalizados de Água e Saneamento (SMAS), onde também funcionou o Acondicionamento Têxtil, para no edifício, em frente à cadeia, passar a funcionar a Unidade de Saúde Familiar (USF) Estrela.

A decisão foi tomada por maioria na reunião privada do executivo de sexta-feira, 5, depois do anterior concurso ter ficado deserto, e a empreitada tem um prazo de execução de 300 dias.

A coligação CDS/PSD/IL voltou a deixar claro que não concorda com a localização e Pedro Farromba sublinhou que o valor em causa, 657 mil euros mais IVA, para remodelar um piso que tem “50 mil metros quadrados”, se não houver derrapagens, poderia ser utilizado para fazer um investimento de raiz, num terreno municipal, em vez de um imóvel onde a autarquia está a pagar quatro mil euros mensais de renda, num local adequado e construindo um edifício adaptado às necessidades, nomeadamente de acessibilidades.

“A localização está muito mal escolhida”, reforçou Pedro Farromba, que mencionou o futuro funcionamento da USF num segundo piso e prevê que possam surgir obras a mais, dando o exemplo de outros concursos no concelho. “Certamente se voltará a falar deste tema quando começarem a chegar às reuniões de Câmara os trabalhos a mais e trabalhos complementares”, acrescentou.

O presidente, Vítor Pereira, justificou o aumento do valor do concurso com a inflação, a existência de muitas intervenções a decorrer no país em virtude do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), a escassez de mão-de-obra e a tendência para os empreiteiros levarem os custos ao limite do que lhes é possível.

O edil sublinha, no entanto, que se trata de uma intervenção para proporcionar “mais e melhores condições de saúde” e afirmou que a construção de um edifício de raiz foi equacionada, mas os vereadores da oposição “não têm razão”, porque a solução decidida tem “aspetos virtuosos”, como a localização, a existência de “um bom e grande parque de estacionamento” e a reabilitação de “património industrial, arquitetónico da cidade”, além de ter argumentado que foram ouvidos os técnicos de saúde.

“O valor não é exorbitante”, frisou Vítor Pereira. O anterior concurso foi lançado em janeiro por 600 mil euros, mas não surgiram interessados.

A intervenção prevê demolições interiores, redimensionamento de espaços e a adaptação e modernização de parte do imóvel, para que possa acolher a USF da Estrela.

A criação da USF Estrela foi anunciada em junho de 2020, para dar resposta aos utentes da União de Freguesias da Covilhã e Canhoso. A unidade de saúde, criada para servir cerca de 12 mil utentes, vai funcionar no segundo andar do edifício, servido por um elevador.

Em junho de 2021 o município acordou com a Associação Nacional dos Industriais de Lanifícios (ANIL), proprietária do edifício, o arrendamento do imóvel por 25 anos, a partir daquela altura, mediante o pagamento mensal de 4.024 mil euros pelo espaço de dois mil metros quadrados.

Em março de 2023, quando foi aprovado o projeto, o presidente do município adiantou que a intervenção será financiada no âmbito de uma candidatura ao Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), já aprovada.