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Autárquicas na Covilhã: primeiras considerações

António Rodrigues de Assunção

As eleições para as autarquias da Covilhã, realizadas no dia 26 de Setembro, traduziram-se numa autêntica bipolarização partidária, sobretudo se atendermos aos resultados verificados nas votações para a Câmara Municipal e para a Assembleia Municipal. Na Câmara, passaram a estar representados apenas o Partido Socialista, que elegeu quatro vereadores, e a Coligação “Juntos Fazemos Melhor”, que obteve três vereadores. Quanto à Assembleia Municipal, num total de vinte e dois deputados, o PS alcançou onze (42,67%), a Coligação “Juntos Fazemos Melhor” elegeu oito deputados (33,51%), a CDU alcançou dois (11,93%) e a Coligação “A Covilhã Tem Força” ficou-se por apenas um deputado. Já no que diz respeito às Juntas de Freguesia, o fenómeno da bipolarização esbateu-se, mas, ainda assim, o PS e a Coligação “Juntos Fazemos Melhor” saíram claramente vencedores, sendo que os socialistas ficaram em posição dominante, mas deve realçar-se a grande proximidade de resultados verificada entre aquelas duas forças políticas na importante freguesia Covilhã-Canhoso.

Lançando um olhar mais interpretativo para estes resultados, a conclusão que se afigura inevitável é que o Partido Socialista, que no mandato camarário 2017-2021 gozara de uma muito confortável maioria absoluta (cinco vereadores em sete), sofreu agora uma clara derrota política, pese embora o facto real da sua vitória, aliás tangencial, no plano eleitoral. Já a Coligação “Juntos Fazemos Melhor”, não tendo conseguido o seu almejado desiderato, que era a vitória, situou-se numa posição, interessante e sobretudo importante, enquanto força de oposição que se deseja forte, activa, crítica, mas também de proposição.

 Isto significa que o Partido Socialista, mantendo sem dúvida a maioria absoluta, se viu confrontado com um sério aviso de largas franjas do eleitorado, em particular do eleitorado urbano, claramente insatisfeito com a o trabalho do anterior executivo liderado por Vítor Pereira, que primou, talvez confortado pela sua maioria, pela quase paralisia política, apenas atenuada, já na parte final do mandato, com algumas realizações interessantes como foram os casos do Teatro Municipal ( uma obra que se arrastava desde 2013 e com as sempre inevitáveis derrapagens financeiras) e a conclusão das obras no Museu de Arte e Cultura, uma obra, diga-se de passagem, que vinha dos tempos de Carlos Pinto. Obras e realizações importantes, sem dúvida, no campo cultural, mas que, como é da praxe, tiveram de “aguardar” pelas vésperas das eleições. Importa, contudo, que os autarcas se reconvertam relativamente a esta verdadeira «Política Velha” que consiste em tentar atrair os eleitores com algumas obras propositadamente deixadas para estas conjunturas. Muitos eleitores já não vão em tais engodos. As obras devem ser realizadas quando são necessárias e não segundo os interesses eleitorais ou eleitoralistas dos políticos. Mas aqui as coisas são transversais a todas as forças políticas e, já agora, lembrar aos mais desatentos que se a denomino de «Política Velha» é porque ela lança as suas raízes históricas no século XIX. É só ler, estudar e …ilacionar!

Deixando para outra ocasião outras e igualmente muito importantes considerações e desenvolvimentos que resultam deste acto eleitoral, uma palavra para a CDU e para a Coligação liderada por João Morgado. Quanto à primeira, confirmou-se o que eu escrevi numa antevisão eleitoral: independentemente dos resultados expressos em votos, esta Coligação mantém e permanece em verdadeira estagnação eleitoral. Quanto à Coligação “A Covilhã Tem Força”, mantenho que João Morgado, sobretudo pelo seu perfil de homem da cultura e sendo ainda muito jovem, tem pela frente, se o quiser, muito a dar à Covilhã. Fico, sinceramente, à espera que tal aconteça. Até porque Carlos Pinto desta vez vai acabar por calçar de vez as pantufas…

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