Autárquicas na Covilhã: primeiras impressões

ANTÓNIO RODRIGUES DE ASSUNÇÃO

Os resultados finais destas eleições no nosso concelho ainda necessitarão, certamente, de alguns afinamentos, mas, desde já e com os resultados disponibilizados, é possível retirar algumas ilações quer quanto aos resultados obtidos por cada força política quer quanto à abertura de alguns delineamentos políticos decorrentes dos mesmos resultados.

Comecemos pelos vencedores. Este foi o Partido Socialista, liderado por Hélio Fazendeiro. Venceu em toda a linha: maioria absoluta na Câmara Municipal, elegendo 4 vereadores, o que lhe permite governar o Município sem coligações pós-eleitorais. No fundo, esta candidatura replicou, de certo modo, os resultados das eleições de 2021, mas com algumas diferenças: baixou significativamente o número de votos, passando dos 46,24% em 2021 para os 39,99%, para a Câmara e Assembleia Municipal, não conseguindo, assim, tirar vantagem das fraquezas da candidatura do PSD. Venceu também, globalmente, nas Assembleias de Freguesia, obtendo 33,06% dos votos, cerca de 7% acima da candidatura do MIPP, liderado por Carlos Martins, que alcançou 26,15% dos votos, situando-se, neste aspecto, em 2.º lugar, muito acima do PSD. Portanto, esta candidatura não acrescentou nada aos resultados de 2021, antes pelo contrário.

O PPD/PSD foi o grande derrotado da noite, quer olhando para os resultados agora obtidos, quer comparando-os com os resultados de 2021. De facto, este Partido alcançou uns modestos 18,03% para a Camara, contra os 30,39% alcançados em 2021. Notável, esta estrondosa derrota. Aqui, alguém deverá ter esfregado as mãos de contente… Há, realmente, aqueles que não estão na política, antes “aparecem” na política! E aparecem não pela nobreza da participação política, mas para dar vazão às suas emoções mais íntimas ou ao seu “ego” insuperável. São os que dão a primazia ás emoções e mandam a Razão Política para plano secundário. Sinais dos tempos. Nada aprenderam com os clássicos do Pensamento Político, mas também certamente não os estudaram…  O PSD foi realmente o grande derrotado destas eleições na Covilhã. Os seus dirigentes, se é que há ali alguém que dirija, mas antes se deixam dirigir, deu de barato o muito significativo resultado de 2021 que se traduziu na eleição de 3 vereadores! Notável, esta irracionalidade política! Caberá agora ao PSD retirar todas as ilações sobre esta errância que começa a fazer o seu caminho e que poderá levar ao descalabro total. Seria preciso varrer dali as chamadas «maçãs podres».

Quanto ao MIPP liderado por Carlos Martins, ficou aquém das expectativas e do que se esperava de um grupo de activistas entusiastas, onde predominavam os jovens de todo o concelho. Carlos Martins personificou o valor da “proximidade”, um valor, hoje em dia, essencial na prática política. Com reduzidíssimos recursos, partindo, praticamente, do nada, sem máquina partidária, esta candidatura, até pelo seu ponto de partida, foi um dos vencedores do acto eleitoral, pois, enquanto uns – PS e PSD – reduziram resultados anteriores, o MIPP apenas ganhou. Não sei qual vai ser o futuro desta interessante força política, mas atrevo-me a antever que está prenhe de futuro. Aguardemos.

A Coligação CDS/IL, liderada pelo professor Eduardo Cavaco, obteve pouco. Os seus fracos resultados – e a muito reduzida ambição para as Assembleias de Freguesia – já o deixavam antever. Não basta ser conhecido nos meios da cidade e organizar festas e festivais, aliás interessantes. Em política é preciso muito mais: Visão! E quem não tem esta, acho eu que não deveria apresentar-se. Sem desprimor pela sua legitimidade.

Outro derrotado da noite foi a CDU. Um resultado preocupante, até se tivermos como padrão comparativo 2021, onde o «score» foi de 9,74%.

Vem aí o futuro. Orgulho-me de ser covilhanense, pelo seu povo e pela sua história. Mas devo ser sincero: No dia 12 de outubro de 2025 cumpriram-se 12 anos de carência de desígnios, de ambição. A cidade que eu amo está uma vergonha! Suja, sem estética, perigosa para quem deambula pelos seus passeios pedonais. Não se sabe o que fazem os CEO da ADC e o que faz a Resistrela com os lucros do seu negócio. À beleza infinita da cidade de montanha, não corresponde mesmo nada a cidade do vale.

O que podemos esperar do novo executivo? Na habitação. No património e na cultura. Na mobilidade mal desenhada em cima do joelho, que exaure os bolsos dos cidadãos sem contrapartidas que se vejam. Na limpeza dos silvados que em alguns locais baixam cortantemente grandes ramos de silvas para “abrigar” os que deambulam pelos seus passeios. É tempo de sair para a cidade.

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