O início das obras de requalificação no Bairro da Alegria estava previsto para o final de 2023, mas a área, agora vedada, encontra-se com sinais de abandono, com a vegetação alta e as casas esventradas. O promotor do investimento disse ao NC que foi dada prioridade a outra obra na cidade, a antiga residencial Panorama, e que a intervenção no antigo bairro operário, que vai dar lugar a um condomínio fechado, começa no início de 2026.
“Correndo tudo dentro do previsto, as obras iniciar-se-ão, expetavelmente, no início do próximo ano de 2026”, adiantou ao NC Luís Conceição, da 2 Live, empresa que comprou o Bairro da Alegria em janeiro de 2021 e pretende transformar o espaço em futuras unidade T1, com um quarto, casa de banho, cozinha e sala.
Questionado sobre o estado de degradação daquela zona, o responsável afirmou que a empresa lamenta que as obras não tenham começado quando estavam previstas.
“Um projeto desta envergadura obriga a procurar e encontrar mão de obra qualificada e de confiança – que, como é de conhecimento geral, por todo o país escasseia -, bem como uma série de procedimentos de todas as naturezas que delongaram mais do que o previsto”, explicou Luís Dias.
O responsável acrescentou que a empresa acabou por se “focar e redirecionar os meios disponíveis” para a atual 2 Live Panorama, para dar resposta, em especial, à comunidade estudantil, e pode agora “centrar atenções” no que considera o seu maior projeto na Covilhã, o Bairro da Alegria.
A primeira fase visa a recuperação de 28 casas no cimo do bairro, as mais próximas da Rua da Saudade, todas com tipologia T1, embora o projeto global apresentado preveja a recuperação de 55 habitações, num espaço que passará a ser um condomínio todo vedado.
A área envolvente e os arruamentos estão também previstos e a 2 Live informou, em 2023, que o projeto representa um investimento de três milhões de euros, a desenvolver durante três anos.
De acordo com o responsável da 2Live, a intervenção vai permitir acesso automóvel aos futuros residentes, será criado um parque de estacionamento e a circulação do trânsito será feita num único sentido, com entrada pela Travessa da Saudade e saída pela Travessa Marquês de Pombal, que desemboca na Rua Marquês de Pombal, nas proximidades da extinta coletividade Os Brincalhões.
Quando estiver terminado, a intenção é que o condomínio fique dotado de espaços de utilização comum e de serviços, como café ou mercearia, para maior comodidade dos residentes.
A empresa de Sesimbra, detentora do conjunto de habitações, mudou a sua sede para a Covilhã, onde tem outros investimentos na cidade direcionados para o arrendamento de espaços de habitação partilhada.
No bairro operário construído entre 1938 e 1948, outrora um espaço com muita vida, com centenas de habitantes, a maioria trabalhadores das fábricas de lanifícios e também muitos polícias, restam poucas casas ocupadas, na Rua do Centenário, mais próxima do acesso à Rua Marquês de Pombal. Foi para essa artéria que saíram, em 2023, os últimos residentes na Avenida da Felicidade, das casas que ocupavam há 84 e 65 anos.
No Bairro da Alegria, as emblemáticas placas de identificação azuis das ruas, com os nomes Avenida da Felicidade, Rua da Independência, Rua da Primavera, Praça da Victória ou Retiro dos Poetas foram retiradas em agosto de 2023, tal como alguns materiais em metal. As casas em banda têm 25 metros quadrados, logradouro e a maioria encontra-se atualmente sem portas nem janelas, sendo que a maioria já estava devoluta há muitos anos.
Questionado na sexta-feira, 13, sobre o estado em que se encontra o local, o presidente da Câmara da Covilhã, Vítor Pereira, disse que, tendo conhecimento, pediu aos serviços de fiscalização que “indagassem e notificassem, para tornar o sítio transitável, para quem ainda ali reside o possa fazer com o mínimo de dignidade”, realçando que é um empreendimento particular.