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Bispo espera Natal “diferente”, mas “mais verdadeiro”

“Vamos ter este ano um Natal diferente, mas é legítimo esperar que seja um Natal ainda mais verdadeiro, porque mais centrado no acontecimento que constitui a sua razão de ser – o Nascimento do Jesus no Presépio de Belém.”. É isto que espera o Bispo da Guarda, D. Manuel Felício, sobre a próxima quadra festiva, em que os valores da generosidade e solidariedade deverão crescer face às dificuldades sentidas por muitas famílias devido à pandemia da covid-19.

Na passada sexta-feira, 11, no Paço Episcopal da Guarda, D. Manuel deixou, num texto intitulado “O verdadeiro Natal” a certeza de que este será obrigatoriamente um Natal diferente dos anteriores, mas “torna-se ainda mais urgente vivê-lo com os mesmos sentimentos do Menino de Belém. De facto, Ele veio para se fazer o próximo mais próximo de todos e para combater todos os dramas que afligem a humanidade.”

Entre esses dramas, hoje, o Bispo da Guarda alerta para o crescente aumento da solidão e abandono das pessoas. “Temos, nos nossos meios, crescente número de pessoas a viverem sós, umas em suas casas, mas longe dos familiares; outras acolhidas em lares, mas também longe dos afectos da família. É certo que é necessário travar os contágios, mas havemos de ter imaginação e coragem suficientes para travar os contágios sem interromper as relações. E felizmente estão já a ser ensaiados caminhos para, mesmo com a pandemia, os idosos poderem contar com a presença e o conforto dos seus familiares e amigos.”

Elogiado o papel dos lares

Apesar de reconhecer que só os laços familiares “podem vencer a solidão na vida das pessoas”, D. Manuel afirma que se não se pode dispensar o contributo dos lares de terceira idade, que devem ser reforçados com “novos meios humanos e materiais, a começar pelo imprescindível acréscimo das comparticipações do Estado.” Já que, em muitos casos, “eles desempenham funções de verdadeiros hospitais de retaguarda.”

D. Manuel Felício apela, por isso, a outra lição do Menino de Belém, a da “solidariedade”, compreendida como “o esforço por conseguir a plena inclusão das pessoas na vida social e das comunidades.” O Bispo recorda que a Diocese está empenhada num processo de revitalização e reorganização das comunidades e seus serviços e também da comunhão entre elas, um processo que, acredita, “contribuirá para desfazer solidões e promover a desejada plena inclusão. Dele faz parte a partilha que o Natal recomenda: partilha de bens materiais, mas igualmente de valores pessoais, de saberes e do próprio tempo.”

O prelado sabe que para se chegar à plena inclusão “o caminho é longo”, num mundo em que “cresce a distância entre ricos e pobres, o número dos pobres continua a aumentar, o drama dos migrantes e refugiados não pára.”

Em termos locais, D. Manuel afirma que os hospitais e prisões continuam a ser um grande desafio à “obrigação de cuidarmos bem uns dos outros”.

“Às famílias pedimos redobrado empenho, para, no exercício da sua vocação de defesa e promoção do amor e da vida, procurarem desfazer, quanto possível, todos os isolamentos e abandonos. Aos nossos jovens, que preparam, com entusiasmo e em jeito de missão, a próxima Jornada Mundial da Juventude, queremos dizer que, sem a sua participação activa, nunca poderemos chegar à desejada renovação da Diocese” frisa o Bispo da Guarda.

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