O edifício onde funcionou, durante muitos anos, a creche “Bolinha de Neve” pode vir a ser recuperado, mas não para função que desempenhou até 2018, altura em que encerrou. A informação foi adiantada na reunião pública do executivo covilhanense, na passada sexta-feira, 21, pelo presidente da Câmara da Covilhã, Vítor Pereira, que apenas admite que o serviço de apoio à infância possa voltar a ser uma realidade ali se o projeto que a autarquia tem em mente não puder seguir em frente.
“Perguntam-me se não seria melhor dar de novo esse destino ao “Bolinha de Neve”, porque em tempos foi um infantário. A oferta pública é reduzida, precisamos de mais. Mas aquele edifício, face à localização e dimensões, volumetria, divisões, vai ter outra finalidade, que estamos a analisar. E vai ser muito importante para o nosso desenvolvimento. Não posso dizer mais, porque as coisas não estão concretizadas. E decididas” frisou no final da reunião o autarca covilhanense.
Durante a mesma, o vereador da oposição (Juntos Fazemos Melhor), Pedro Farromba, alertou para a baixa, ou nula, oferta pública de creche na cidade, e lembrou que a Câmara tinha em mente a criação de duas creches, nos parques industriais do Tortosendo e Canhoso, querendo saber se essa intenção ainda se mantinha. “Há uma dificuldade grande no concelho em obter vagas no público. Para quando estas duas creches” perguntou Faromba.
Na resposta, Vítor Pereira admitiu que a ideia existiu, mas que os custos de construção dessas duas unidades hoje seriam “superiores a dois milhões de euros”. E por isso “abandonámos a ideia”, até porque, recorda, o Governo tem anunciado um plano nacional de gratuitidade de creches que espera ver no terreno brevemente.
Aos jornalistas, Vítor Pereira, voltou a frisar isso. “O Estado já determinou que vai haver creches gratuitas, e por isso, para que é que o município vai despender dinheiro se vem do Governo” pergunta, justificando assim a não intenção de dar ao “Bolinha de Neve” a função que já teve em tempos. “Vamos dar uma nova destinação, sem prejuízo de encontrar soluções para que a oferta pública de creche exista. Em princípio não será creche, a menos que o projeto que está idealizado não possa ser realizado. E aí ponderaríamos. Mas há outros edifícios. Aguardo o que o Governo fará em relação às creches, para podermos utilizar edifícios devolutos para essa finalidade, ou construir de raiz, com apoio substancial, e não aquele que era simbólico em relação às duas creches nas zonas industriais” afirma.
O presidente da Câmara da Covilhã salienta que estes edifícios, “ao contrário do que as pessoas possam pensar”, não são cedidos aos municípios nem a título gratuito, “nem a preço simbólico.” “É a preço de mercado, depois de uma avaliação rigorosa feita por peritos do Instituto de Segurança Social. Tem valores quase incomportáveis. Recentemente, ou o anterior Governo, ou este, não tenho a certeza, referiu que iria transferir para as autarquias edifícios como este. Com determinadas condições a afinar. Saúdo essa iniciativa, porque há património como este, uma panóplia de edificações, que estão a degradar-se e que seriam uteis se estivessem ao serviço dos munícipes” frisa o autarca covilhanense.
O “Bolinha de Neve” fechou portas em 2018, após um período em que a gestão do espaço foi concessionada pela Segurança Social à Santa Casa da Misericórdia da Covilhã. A CDU, em 2021, recordava que após este fecho, por falta de respostas, “dezenas de famílias são obrigadas a percorrer diariamente vários quilómetros com os seus filhos, para ter acesso a um serviço de creche e infantário enquanto apodrecem estas excelentes instalações”.