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Bombeiros de Unhais: 42 anos de vida…morta

António Duarte

Músico

Como filho e amante da minha terra e da justiça, a minha intenção é denunciar uma situação que não é normal, e assim contribuir para uma possível solução.

Nos últimos dias chegou a Unhais da Serra um autotanque dos bombeiros, oferecido pelos irmãos franceses de Le Longeron, fruto da nossa geminação. Vem-me logo à lembrança o que Unhais passou para legalizar uma ambulância, oferecida pelos emigrantes de Unhais. São as leis… da treta e da falta de vontade para a resolução de muitos problemas. Quando as leis não resolvem determinado problema, que se faça uma lei em conformidade. É preciso vontade!

Portugal não é um pais rico. Qualquer oferta que venha, no caso equipamentos para a proteção civil da vila e arredores, não pode ser subestimada, antes pelo contrário, deve ser recebida de braços abertos. Colocá-las ao serviço das populações deveria ser fácil, seria impensável colocarem-se barreiras a estas ofertas, mas infelizmente é a verdade, difícil ou impossível.

Em 10 de dezembro de 1982, faz agora 42 anos, que existem os bombeiros na vila, mas a tutela, e quem mexe com estes assuntos, não consegue encontrar uma solução para a legalização da associação, que deve ser caso único em Portugal e no mundo.  Relembrar aqui toda a história não é fácil e para quê ir buscar o passado. Apenas interessa saber-se que passaram 42 anos para se legalizar uma Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários, e nada!

Numa primeira fase lutaram pela independência, mas em vão. Aqui perto temos Loriga, São Romão e Seia, três localidades juntas com corporações individuais, fora as secções de Sabugueiro e Valezim. Talvez na altura essa ambição fosse demasiado elevada, não sei. Mas assim foi, ideal que não foi aceite por quem de direito.

Aparece a secção do Paul, até bem localizada geograficamente, mas a própria vila nunca fez por isso como fez Unhais, pelo menos que eu saiba. Houve a certa altura um esforço da Covilhã, até colocou uma viatura em Unhais da Serra, mas tudo voltou ao normal ou ao “anormal”, melhor dizendo. Não consigo resumir o que se passou nestes 42 anos, apenas sei que tudo está na mesma e agora, com a chegada de mais uma viatura, não nos podemos dar ao luxo de mandarmos para canto mais um carro de bombeiros. Temos três carros, dois autotanques e um jeep. Temos equipamentos individuais de proteção, muito dele oferecido pela França. Nestes períodos de tempo, diversos rapazes da vila foram para a Covilhã fazer formação, mas por lá ficaram nos quadros dos bombeiros da cidade.

O tempo corre e vejo a minha terra maltratada em diversas situações.  O que acontece é que não há equidade na distribuição das estruturas pelas localidades, em função das suas potencialidades e necessidades.  Custa assim tanto à Covilhã encontrar uma solução para o corpo de bombeiros, que trabalham por sua conta e risco? De facto, para se sentirem os problemas será preciso vivê-los e quem está fora de Unhais até me condena e ameaça por escrever estas verdades. Se nada se faz, mal. Se se faz, mal na mesma. Cada um puxa a brasa à sua sardinha, mas Unhais faz por isso, não brinca em serviço, faz!

Relembrar o Fundão com as secções de Silvares, Três Povos e Soalheira, valendo esta frente muitas vezes aos bombeiros de Castelo Branco! Com este método, o Fundão tem as viaturas distribuídas pelas secções nas diversas frentes, não as tendo aos montes no quartel do Fundão. Não poderia a Covilhã ter outras frentes?

Temos equipamentos, não nos podemos dar ao luxo de os termos parados. A mão de obra também se arranjará.

Apesar de muitas coisas negativas, a vila promete, tem do melhor que há na natureza. Mas vão acontecendo coisas que bradam aos céus. A estrada da serra, as árvores abatidas nas termas e 42 anos para legalizar uma associação humanitária são agressões demasiadas para quem tem potencialidades como nós temos. Haja bom senso e resolvam este problema, por favor. O país agradece.

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