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Caloiros entre a expectativa e o receio de que a pandemia dificulte a integração

Durante o período de confinamento, em Fortaleza, Brasil, Sarah de Freitas, 17 anos, deu por si a pesquisar possíveis destinos para estudar no estrangeiro. Na Covilhã percebeu que existia uma comunidade significativa de estudantes internacionais. Das informações recolhidas na Internet, sentiu que se ia “sentir acolhida” e ficou com uma boa impressão “da envolvência”. À porta da Biblioteca Central da Universidade da Beira Interior (UBI), para se matricular, afirma ainda não conhecer ninguém. “Só tive contacto com o meu senhorio”, conta. A pandemia obrigou a reorganizar a forma como os novos alunos são recebidos, mas a estudante de Ciências Biomédicas espera que as restrições não dificultem a sua integração.

“Estou aqui há um dia e já me perdi umas dez vezes”, comenta Sarah de Freitas, a rir. “A pandemia é uma limitação, mas não nos pode impedir de viver”, acrescenta a estudante brasileira, que aguarda a sua vez para entregar os impressos, na fila com marcações no chão para assegurar as distâncias de segurança.

Este ano a UBI teve o maior número de sempre de vagas preenchidas no Concurso Nacional de Acesso, mas os 1.278 novos alunos foram recebidos de forma diferente. Para prevenir contágios pela covid-19, foram incentivados a fazer a inscrição online. Os percursos são diferentes e bem delimitados. Este ano não houve confusão nem longos corredores onde os núcleos de todos os cursos ou as tunas se multiplicam para terem o primeiro contacto com os caloiros. Em vez de caras pintadas e barulho, tranquilidade, em vez de longas filas, normalmente aproveitadas para conhecer futuros colegas, imperou o distanciamento físico e a utilização obrigatória de máscara.

“Tudo muito incerto”

Rafael Santos, 17 anos, entrou em Engenharia Aeronáutica na UBI, como esperava. Fez a matrícula online e a margem de segurança que a nota lhe dava permitiu-lhe procurar quarto com antecedência, mas decidiu vir na semana de matrículas com os pais, da Lousã, “por causa do alojamento”, para ver ao vivo a casa onde vai viver, numa cidade que não conhece. A mãe, Sandra Seco, 49 anos, preocupa-se por, em tempos de pandemia, “ser tudo muito incerto”. Rafael diz-se “expectante quanto à adaptação”. “Para os novos alunos tudo é novo e, com a pandemia, pode tornar-se ainda mais. Espero que não, que consigamos ter um ano mais ou menos normal”, realça.

Foi também em Aeronáutica que Diogo Lemos, 18 anos, entrou e, antes de as colocações serem conhecidas, já tinha arranjado quarto, com as facilidades que a Internet permite. A matrícula foi igualmente tratada online, mas aproveitou a semana de férias tirada pelos pais, para virem conhecer onde o local vão deixar o filho, longe da Ilha Terceira natal, no Açores, para entregarem a documentação em falta, visitarem o quarto, encherem a despensa e conhecerem a cidade e arredores.

Diogo já sabe que a Latada e outras iniciativas de acolhimento aos caloiros não se realizam este ano. “É mau para mim, porque não vai haver o mesmo convívio que em outros anos”, antecipa. O pai, Francisco Lemos, 48 anos, espera que a evolução da pandemia não cause preocupações de maior, até porque a distância para Angra dos Heroísmo poderia condicionar o apoio, mas prefere ser pragmático e não pensar demasiado nas circunstâncias actuais, embora sempre presentes. “Ele vem para aquilo de que gosta, para aquilo para que trabalhou”, refere.  A mãe, Sofia, 44 anos, admite estar a viver “um misto de emoções”. “Vou sentir saudades, mas estou confiante e feliz, porque sei que vai ficar bem, num sítio que me parece ter condições”, considera.

(Reportagem completa na edição papel).

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