O executivo da Câmara de Belmonte aprovou na passada quinta-feira, 20, em reunião pública, por unanimidade, a denúncia do protocolo de transferência de verbas à Junta de Freguesia de Caria, para gestão das piscinas da vila, “com efeitos imediatos”, anunciando que nesse próprio dia iria pedir a entrega “imediata”, por ofício, das chaves da estrutura que, recorda, é municipal.
Uma situação despoletada pela colocação, junto às piscinas (no gradeamento do polidesportivo) de um aviso, sem assinatura, que dava conta de que, nesta época balnear, face à falta de condições, a piscina não abriria portas por “motivos de falta de manutenção das piscinas pela Câmara Municipal de Belmonte”. Um aviso que deixou o presidente da Câmara “surpreendido”, e muito desagradado com uma atitude que classifica de “inqualificável, inadmissível e impraticável”.
“O aviso não é da nossa autoria. O senhor vice-presidente da Câmara tem falado com as juntas para saber o que era preciso para abrir a 1 de julho, o que vai acontecer em Belmonte. Tendo em conta a intervenção da Junta de Caria, não estará interessada em abrir” frisa António Dias Rocha, que rejeita as críticas deixadas no aviso, nomeadamente a falta de obras de manutenção. “Estava tudo adjudicado, cerca de 30 mil euros de investimento, para as obras estarem concluídas na próxima (esta) semana” garante.
O presidente da Câmara de Belmonte recorda que o espaço “é municipal, não é da junta”, que há quase duas décadas faz a sua gestão, e que face a esta atitude “nada obriga a manter o protocolo que vigorava”, até porque “não estão reunidas as condições de boa fé” para o manter. Assim, garante Dias Rocha, será a Câmara a assumir a gestão do espaço, diretamente, garantido que tudo estará pronto para que as piscinas abram na próxima segunda-feira, 1 de julho.
O autarca assumiu um certo desgaste nas relações com o presidente da Junta de Freguesia de Caria, Silvério Quelhas, e acusou a Junta de “falta de sentido institucional”. “As relações com o senhor presidente da Junta são más. Falarei com ele enquanto autarca se ele for educado, senão nem isso” garante Dias Rocha.
Carlos Afonso, vereador da CDU, salientou que esta é “uma medida radical que não sei se tomaria”, mas “se é a solução encontrada para abrir o espaço, voto favoravelmente”.
Já José Mariano, vereador do PSD, lamentou toda esta situação. “Fiquei estupefacto. Preferia que estas coisas não acontecessem. As piscinas não podem fechar” afirma.
Assim, no próximo verão, a piscina municipal de Caria passa a ser gerida pela Câmara que, garante, já assumia (tal como em Belmonte) despesas de manutenção ou pagamento de nadadores-salvadores.
Paulo Borralhinho, vice-presidente da autarquia, disse que face ao pouco tempo até à abertura do recinto, iria avançar para um convite “de forma direta” à União Desportiva Cariense para a gestão do bar, o que tem feito nos últimos anos.
Contactado pelo NC, o presidente da Junta de Freguesia de Caria, Silvério Quelhas, remeteu explicações para um comunicado a emitir pela autarquia (que não foi enviado ao NC), mas questionou de quem seria a autoria do aviso. “Perguntaram quem foi que afixou o aviso? Ele (Dias Rocha) tomou uma decisão sem falar connosco, sem ter o cuidado de falar com a Junta. Toma-se uma decisão sem ouvir a outra parte? Assim não se está de boa-fé” frisa Silvério Quelhas.