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Câmara de Manteigas aprova orçamento de 14 milhões para 2024

Segundo Flávio Massano, presidente da autarquia, este é “melhor orçamento” que já viu em Manteigas. Oposição duvida, mas diz dar voto de confiança ao autarca, a quem aponta “comunicação estratégica” para “projeção pessoal”

“Este é um orçamento histórico para Manteigas. Sem ser juiz em causa própria, está aqui o melhor orçamento que já vi em Manteigas”. Foi assim que na passada quarta-feira, 22, o presidente da Câmara, Flávio Massano, resumiu as Grandes Opções do Plano da autarquia para 2024, aprovadas pelo partido que governa, o Manteigas 2030 (presidente e vice-presidente), e com a abstenção dos três vereadores da oposição, PS (2) e PSD.

Um documento que foi discutido durante quase cinco horas, e que foi resumido, numa apresentação multimédia pelo autarca, que foi alvo de críticas por parte da oposição, nomeadamente na estratégia de comunicação adotada. O orçamento para 2024 da Câmara de Manteigas é de cerca de 14 milhões de euros, ou seja, mais três que em 2023 (foi de 11 milhões), e contempla diversas obras, projetos e intenções que, segundo Flávio Massano, irão ajudar a desenvolver um concelho que “está a progredir de forma notória”, sendo o documento o “resultado visível” do trabalho de dois anos já feito. “É o maior orçamento de sempre, acompanhado de uma boa gestão financeira e assente na capacidade de idealizar novos projetos que têm assegurados fundos de apoio externo” frisa Flávio Massano.

Numa apresentação introdutória, com imagens, gráficos, orçamentação e apoios já garantidos, ou a garantir, o autarca enumerou uma série de projetos que visam o “desenvolvimento sustentável” de um concelho onde se pretende ter condições para viver, trabalhar, investir, estudar, aprender, ter acesso a condições de lazer, ou coisas básicas como a educação, saúde ou apoio social. Uma das prioridades é a aposta na habitação social. O município tem intenção de construir 37 apartamentos, até 2026, que resultam da reconversão de edifícios públicos como a antiga tipografia ou o antigo posto da GNR, criando assim condições à fixação de pessoas e atração de famílias. Atrair uma centena de novos agregados é uma das metas.

A revitalização urbana, com a construção da praça central, a aposta na mobilidade, com transportes entre Manteigas e as freguesias, ou até Belmonte, as vias de comunicação, a criação de espaços de lazer, o apoio às famílias, a captação de empresas ou a aposta nos produtos endógenos são algumas das metas a alcançar nos próximos anos, com um orçamento que já tem dotação para muitos destes projetos. Massano recorda que, quando foi eleito, “chegámos a uma Câmara com um orçamento de 6 ou sete milhões” para demonstrar o salto qualitativo e quantitativo dado.

Pelo PS, Tomé Branco lamentou que “80 por cento” das obras mostradas na apresentação não fossem “do meu conhecimento”. O vereador disse que o orçamento lhe pareceu um documento “feito à pressa”, que esquece obras importantes como as piscinas de água quente ou a praia fluvial da Várzea, e áreas estruturantes como a proteção civil, o desporto ou a agricultura. “Há novos projetos, mas alguns nem ouvi falar. O investimento em habitação deixa-me muito cético, esquece o centro histórico, e esta apresentação é uma estratégia de comunicação da qual fomos afastados. Não me senti incluído neste documento” disse Tomé Branco, deixando já avisos para o próximo ano. “Se não fosse esta apresentação, o voto não seria favorável (abstenção). Senhor presidente, já teve três oportunidades” disse.

Ângela Muxana, do mesmo partido, considera que o orçamento fica “muito aquém do esperado”, foi feito “em cima do joelho” e é a “replicação de projetos” do ano passado que não tiveram execução. “Esperava algo de maior envergadura” disse, acusando o autarca de estar “mais focado na projeção da personagem Flávio Massano presidente que em assuntos de gestão do município”.

Já Nuno Soares, do PSD, elogiando “a apelativa” apresentação, disse esperar que a mesma tenha “tradução para a vida das pessoas”, duvidando que, no passado, com a taxa de inflação actual, não tivesse já havido orçamentos maiores. “Porém, o essencial é executá-lo” lembra, esperando não estarem a ser criadas “falsas expectativas na população”. O vereador social-democrata pediu informação mais atempada para todos, deixando também o aviso de que “ninguém lhe quer chumbar o orçamento, mas não estamos cá para sermos verbos de encher ou damas de honor”.

Flávio Massano, reconhecendo alguns erros de diálogo, refutou, contudo, muitas das críticas, em especial a de que se queria apenas promover pessoalmente. “Se o presidente aparece muitas vezes, é porque vive esta Câmara 365 dias por ano, com prejuízo pessoal. É normal que vá tendo alguma projeção. Mas estou pouco preocupado com o futuro, porque eu vou para onde quiser, porque sei que trabalho bem” vincou, recusando um documento feito apressadamente. “Este orçamento apresenta ideias, até demais, e se calhar, nem as vamos conseguir concretizar todas” afirma.

O Plano e Orçamento da Câmara de Manteigas terá agora que passar, em dezembro, pela aprovação da Assembleia Municipal.

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