O regulamento e o funcionamento do Teatro Municipal da Covilhã (TMC) dominou a maioria do debate “Que cultura para a Covilhã?”, promovido pela ASTA ao final da tarde quente de quinta-feira, 3, com cinco das candidaturas à Câmara Municipal.
A necessidade de rever o regulamento foi apontada por Jorge Simões, do PSD, e Eduardo Cavaco, do CDS, enquanto Hélio Fazendeiro, do PS, admitiu que se façam ajustamentos se forem detetadas “fragilidades”. Serra dos Reis, em substituição de Carlos Martins, do movimento Pelas Pessoas, disse que o assunto tem de ser avaliado para tomar decisões e Jorge Fael manifestou surpresa com as críticas, lembrando que a CDU foi a única força que votou contra o documento que tem gerado controvérsia nos últimos anos.
Jorge Simões defendeu a democratização do acesso à cultura e a implementação de uma gestão que não seja centralista, sublinhando que uma das suas prioridades é “valorizar os agentes culturais”.
O candidato social-democrata preconizou que seja feito um levantamento dos vários auditórios e espaços culturais no concelho e que aí sejam adaptados eventos à realidade das freguesias, com uma programação própria. Jorge Simões propôs que esses espaços sejam multifuncionais, com atividades frequentes, e que seja aprovado um orçamento anual ou plurianual “para as atividades desenvolvidas nesses espaços”, com o propósito de formarem novos públicos.
Hélio Fazendeiro considerou que a Covilhã tem muitos produtores de cultura e que o papel do município deve ser melhorar as condições para intensificar a produção cultural, dando espaço para dinamizar o que existe e ter uma programação eclética.
O candidato socialista considerou ser necessário “melhorar a oferta cultural nas freguesias”, potenciando os espaços que existem. “Há um conjunto de salas e infraestruturas que podem e devem ser aproveitadas para alargar os espetáculos e a programação cultural”.
Hélio Fazendeiro reforçou que o município pode descentralizar um conjunto de atividades que já realiza, como o Verão no Centro Histórico, levando-o às freguesias.
Eduardo Cavaco, do CDS/IL, anunciou a intenção de criar a figura única do programador municipal, que faça a coordenação de toda a agenda no concelho, do TMC, freguesias e vários agentes culturais, para evitar sobreposições e ter uma agenda facilmente consultável e com a devida divulgação.
Cavaco propôs a conversão do Parque da Goldra numa cidade das artes, em parceria com a UBI, onde poderá ser construído o ‘plateau’ de Cinema. A definição de um fio condutor, uma estratégia para quatro anos, no Conselho Municipal da Cultura, onde “os agentes tenham uma palavra ativa e não passiva”, foi outra das ideias focadas, assim como o reforço dos apoios à cultura e uma programação fora de portas do TMC, sala onde a população das freguesias terá meios para ser convidada a visitar.
Ter espaços de cocriação cultural nas freguesias, onde os agentes culturais se possam deslocar para trabalhar em conjunto, foi outra intenção manifestada pelo candidato da coligação CDS/ Il, que pretende aderir à Agenda XXI e implementar a criação de Projetos de Interesse da Freguesia, em que cada localidade decide em que se destaca e em que quer apostar, para ser promovida uma candidatura nessa área.
Serra dos Reis adiantou um conjunto de 25 medidas na área, entre as quais um grande espaço na Feira de São Tiago onde as freguesias possam mostrar a sua riqueza, alargar e criar a Rota dos Museus, inventariar todos os artesãos do concelho, revitalizar o Cine Clube da Covilhã, criar a Carta Cultural do Concelho, repor o Coreto do Jardim Público, candidatar a Covilhã a Capital Portuguesa da Cultura, apostar numa Academia do Património e dar apoio aos proprietários de casas que queiram tirar o reboco o pôr o xisto e o granito à vista.
A candidatura Pelas Pessoas também defende um orçamento municipal anual para a cultura, já a partir do próximo ano. “O que conheço na Câmara da Covilhã é uma cultura de pedinte”, disse Serra dos Reis.
Jorge Fael, da CDU, sustentou que o município tem de aumentar a capacidade reivindicativa junto do poder central, advogou a necessidade de reforçar a equipa operacional do TMC, uma melhor articulação das agendas, para que os eventos não se sobreponham, e vincou que a política cultural deve ser “participada e descentralizada”.
O candidato da coligação PCP e Os Verdes sugeriu a criação do Roteiro Ferreira de Castro, do Roteiro das Mulheres Operárias, ter programas de dinamização cultural em cada uma das freguesias, reativar o programa Conhecer o Concelho, resolver o problema dos transportes para falar em descentralização frisou que à autarquia cabe apoiar a dinamização das forças culturais de todo o tipo e, “supletivamente, preencher os espaços vazios”.
Convidado para o debate, promovido no âmbito do Festival Portas do Sol, o candidato do Chega, Mário Diniz, não esteve presente.