E a sua menina. A Guitarra Portuguesa. Não é por acaso que é nossa, esta guitarra. Nela está a alma inquieta dos portugueses, nela se sente a triste sina, e do mesmo modo nas suas cordas, a alegria do improviso. "Exactamente. Começo a tocar e vou-me adaptando à música, vou improvisando...", disse Carlos Paredes numa entrevista ao Público em Março de 92, em que deu provas de que como ela, a guitarra, era uma extensão de si próprio; "Não posso estar com uma guitarra nos braços sem ter vontade de a tocar". Não andaremos muito longe da verdade se declararmos Paredes como o mais influente músico português do século XX. A sua música e a nossa guitarra puseram o mundo a ouvir Portugal. Literalmente. Ao fazê-lo, o criador influenciou gerações, e colocou a Guitarra Portuguesa num patamar de excelência no quadro de um valioso património da humanidade. Cumprem-se 100 anos sobre o nascimento de Carlos Paredes, e o país, fazendo jus ao seu legado, prepara-se para um ano de múltiplas celebrações, através de um extenso programa de eventos, são mais de 100 em Portugal e no Mundo. A programação que se intitula "Variações para Carlos Paredes", abriu oficialmente no Teatro de São Luis, com a Orquestra Metropolitana de Lisboa, estender-se-á ao longo de vários meses, e terá concertos e outros eventos em 12 países de 4 continentes. Por cá, espectáculos, colóquios, publicações, oficinas, investigação e cinema conferirão aos festejos uma dimensão condizente com a imortalidade de um artista inimitável.