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Casos de violência sexual têm aumentado

Este ano foram acompanhadas 334 pessoas vítimas de violência doméstica e de género

A violência sexual, tanto a perpetrada contra adultos como contra crianças, tem vindo a aumentar e os casos são cada vez mais violentos. O número de vítimas desse tipo de violência na Cova da Beira é de 19% do total e, no caso das crianças e jovens, a cifra aumentou de 2% para 8%.

Os dados foram avançados na última sexta-feira, 22, no Salão Nobre da Câmara da Covilhã, pela cooperativa de intervenção social Coolabora, que coordena a Rede Violência Zero e é responsável pelo Gabinete de Apoio a Vítimas de Violência Doméstica e de Género que presta esse serviço nos concelhos da Covilhã, Fundão e Belmonte.

O Gabinete de Apoio a Vítimas de Violência Doméstica e de Género da Cova da Beira acompanhou, este ano, 233 casos de adultos e 101 crianças e jovens, num total de 334 pessoas.

Os números estão em linha com os do ano passado, mas regista-se um aumento das situações de violência física, sexual, de casos na faixa entre os 18 e os 30 e nos idosos. As vítimas idosas representam 18% do total.

Segundo a criminóloga Diana Silva, este ano o serviço prestou acompanhamento a 105 novos casos de vítimas adultas, 91% delas mulheres, em 40% das situações pessoas entre os 36 e os 55 anos, a faixa etária com maior incidência.

Diana Silva informou que este ano foram feitos 1337 atendimentos, acrescentou que todas as vítimas são alvo de violência psicológica, que há um aumento de 30% na violência física, verificada em 71% dos casos, e que a violência sexual cresceu para perto dos 20%.

“Os casos são cada vez mais graves e para as vítimas a situação está cada vez mais danosa”, realçou a criminóloga, durante a apresentação do relatório deste ano até ao momento, numa cerimónia que juntou as entidades parceiras da rede.

A diretora executiva da Coolabora, Graça Rojão, acentuou que em 42% dos casos a violência é praticada após o fim da relação de intimidade, o que demonstra que “quando termina a relação o perigo cresce”, e em 36% durante a relação. A responsável sublinhou que 40% das vítimas coabitam com o agressor e, neste contexto, em 35% dos casos há filhos ou menores a cargo expostos a episódios de violência.

No serviço especializado a crianças e jovens vítimas de violência doméstica, a Coolabora atendeu até outubro 101 pessoas com idades entre os três e os 18 anos, 32 casos novos este ano e os restantes que transitaram do ano anterior.

Nas crianças e jovens, adiantou a psicóloga Ana Raquel Bernardino, a violência psicológica manifesta-se em todos os casos, a violência física está presente em 27% das crianças e jovens acompanhados, o que significa um aumento, e a violência sexual subiu de 2% para 8% em vítimas menores.

No total, foram feitos 805 atendimentos, a maioria entre os sete e os dez anos, mas têm chegado muitos pedidos para acompanhar crianças entre os três e os seis anos.

Diana Silva destacou os frutos de um trabalho em rede e defendeu que a intervenção tem de ser adequada à realidade atual, por exemplo com mais visitas domiciliárias com as forças de segurança ou serviços de saúde.

A diretora executiva da Coolabora, Graça Rojão, vincou que a violência doméstica e de género “não é pontual, é um problema estrutural da sociedade” e afeta todo o tipo de pessoas, “é absolutamente transversal”.

A responsável referiu que existe um peso da cultura patriarcal, o que “torna natural o que não devia ser”.

Graça Rojão acrescentou que a esperança numa mudança de comportamento da pessoa que agride “amarra as pessoas” a uma “roda infernal” de episódios que vão acabar por se repetir e mantém as vítimas num “ciclo que não tem fim”.

A diretora executiva da cooperativa frisou que muitas mulheres têm dificuldade em sair da relação porque existem filhos menores, uma casa partilhada, o peso da família e outros fatores que retardam a tomada de decisão de quebrar esse ciclo de violência.

“Não há desculpas para desresponsabilizar o agressor e culpar a vítima”, reforçou Graça Rojão.

O representante da PSP, Luís Almeida, adiantou que a força de segurança na Covilhã registou 70 casos de violência, destacou a particularidade de 63 das denúncias terem sido feitas pelas próprias vítimas e ilustrou o que considerou ser a eficácia do trabalho em rede com a constatação de que a polícia registou “o mínimo histórico de reincidência”.

A Coolabora assinalou na tarde de segunda-feira o Dia Internacional Para a Eliminação da Violência Contra as Mulheres, com uma marcha entre o Jardim do Lago e a Praça do Município.

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