A Unidade Local de Saúde (ULS) da Cova da Beira tem previsto um investimento de 800 mil euros para melhorar a capacidade do Serviço de Gastrenterologia, nomeadamente as instalações, e modernizar os equipamentos com novas tecnologias.
Os municípios da Covilhã, Fundão e Belmonte dão um apoio global de 200 mil euros, cada um proporcional à sua população, mas o financiamento do Estado para esses melhoramentos foi de “40 e tal mil euros, uma miséria para aquilo que é o projeto”, criticou o presidente do conselho de administração da ULS, João Casteleiro, segundo o qual “a atribuição de verbas para o Interior é sempre muito mais difícil”.
“Temos alguma razão de queixa, porque não fomos contemplados como devíamos ser”, lamentou João Casteleiro, na segunda-feira, 7, à margem da cerimónia onde foram assinalados os mil procedimentos da Unidade de intervenção. “Não pensaram no Interior como o Interior. O financiamento que nos foi dado é uma ridicularia, nomeadamente em relação àquilo que as próprias autarquias financiam”, acrescentou.
Segundo o administrador, a ULS vai avançar com financiamento próprio e “melhorar a prestação” do serviço, para evitar que os doentes tenham de se deslocar a outros centros.
Medicina Nuclear marca passo
Questionado sobre o Centro de Medicina Nuclear, a instalar no Hospital do Fundão, previsto abrir este ano, João Casteleiro adiantou que a burocracia atrasou o processo.
O administrador disse que o concurso público internacional aberto para a aquisição de equipamentos teve de ser alterado, “porque os equipamentos mudaram, melhoraram significativamente”. João Casteleiro disse que os novos equipamentos têm caraterísticas diferentes e por isso teve de se abrir um novo procedimento.
“São situações que envolvem equipamentos, que são concursos internacionais e, portanto, tudo isso demora tempo”, justificou o responsável pela ULS da Cova da Beira. “Tudo isto é impeditivo de uma resolução célere. A gente bem queria que a coisa fosse de um dia para o outro, mas não, há regras a cumprir”, continuou.
De acordo com João Casteleiro, há equipamento já instalado no futuro Centro de Medicina Nuclear, proveniente do Centro Hospitalar Universitário de Coimbra (CHUC), mas há outro que tem de ser comprado, nomeadamente “um PET” (Tomografia por Emissão de Positrões), técnica de imagem médica que utiliza moléculas para detetar e localizar reações bioquímicas associadas a determinadas doenças, sobretudo nas áreas da Oncologia, Cardiologia e Neurologia.
Em novembro do ano passado foi aberto um concurso público para a aquisição de equipamentos que contemplavam exames de diagnóstico, no valor de 258 mil euros, e serviços de telerradiografia, uma verba de 329 mil euros.
O presidente da Câmara do Fundão, Paulo Fernandes, informou que as obras no hospital da cidade, onde vai funcionar o Centro de Medicina Nuclear, estavam “praticamente concluídas” e previa que a unidade abrisse no primeiro semestre de 2024. Em fevereiro, antevia que a entrada em funcionamento pudesse acontecer até ao final deste ano.
A Câmara Municipal financiou as obras de requalificação do edifício do Hospital do Fundão, que vai albergar a nova unidade, e o presidente sublinhou que, embora esteja, para já, prevista apenas a vertente de diagnóstico, as infraestruturas ficam preparadas para poderem ser feitos tratamentos nas instalações e os doentes possam fazer radioterapia, caso seja tomada essa decisão, numa segunda fase, um serviço que vai beneficiar “toda a região”, servir a Beira Interior e evitar deslocações.
Estomatologia alargada
Com a criação da ULS da Cova da Beira, e a integração dos centros de saúde na mesma unidade orgânica, os três estomatologistas “vão alargar a sua prestação a outros concelhos”, dando apoio no Fundão e Belmonte, “onde forem necessários”, informou João Casteleiro, que adiantou estar prevista a abertura de concurso para higienistas orais.
“Para melhorar a saúde oral, vamos alargar a estomatologia”, anunciou o presidente do conselho de administração. Casteleiro disse que no passado não podia contratar dentistas, mas agora já pode e sublinhou que os higienistas orais são um complemento muito importante para essa área.
Com os três municípios da Cova da Beira ficou acordada a cedência de uma cadeira para que os profissionais possam trabalhar e a de Belmonte está em fase de aquisição.