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Educação: o critério (ou falta dele) na hora da nota

Por cá, foi notícia que o Governo irá este ano avançar com um calendário de dois anos lectivos de modo a dar uma maior previsibilidade de trabalho quer às escolas, quer às famílias. E logo algumas vozes, de professores a sindicatos, se levantaram em discórdia de alguns dos pressupostos, como se o calendário fosse a coisa mais importante do mundo. Como se num Mundial de Futebol fosse mais importante saber o espaço de descanso entre jogos do que propriamente a qualidade de trabalho para se ter bons resultados.

Citado pelo Público, no despacho do projecto, o ministro da Educação, João Costa, afirma que a estabilidade e a previsibilidade, no que respeita à organização e administração escolar “são condições essenciais para que, em ambiente educativo de confiança, se promova a qualidade das aprendizagens e o bem-estar dos alunos e da comunidade educativa”. Será um bom ponto prévio, mas, essencial?

Essencial é, isso sim, motivar os alunos premiando o trabalho, a dedicação, o empenho e penalizando a preguiça, a falta de estudo, a falta de vontade. E isso, hoje, em Portugal, não acontece. E é, na minha opinião, o grande calcanhar “doente” do sistema educativo.

Vai-se à escola para ter o rendimento mínimo; vai-se à escola para ser estatística de inclusão; vai-se à escola para ser justificativo de sucesso escolar; vai-se à escola para muita coisa, menos para estudar.

Quando um bom aluno se depreende com um sistema que premeia o colega que tem, ao longo do ano, testes de 3/4/5 (de 0 a 20) e aparece um 9 na pauta, ou aquele que tira 7, 8 ou 9 e, depois, lá pelo meio, tem um 10, e passa à disciplina, e, por outro lado, não lhe concede mais meia décima para ter um 17 ou 18, sente-se injustiçado. E deixa de acreditar no sistema. É que há muita nota para “Inglês ver”, para os rankings e afins, que nada têm de verdadeiras, com a conivência dos docentes, que se sentem quase “obrigados” a isso para “não cortar as pernas” aos alunos menos capacitados. Mas, por outro lado, deixam feridas as “asas” dos melhores, que querem “voar” para cursos que pedem notas, nalguns casos, estratosféricas, que alguns não conseguem alcançar. Se os mesmos “pozinhos” colocados nas notas dos menos bons fossem colocados nos que melhor desempenho têm, talvez o sistema de ensino fosse bem mais justo.

E depois, sim, discutir os planos plurianuais, se dão ou não condições para melhores aprendizagens ou não. Como alguém, numa escola me dizia há dias, hoje há sítios “fantásticos”, onde ninguém chumba e “todos são bons”, aos olhos das estatísticas. Mas o que se semeia hoje, premiando a falta de estudo ou empenho, colher-se-á amanhã, com efeitos negativos, quando forem esses mesmos “meninos” a governar as nossas ruas, vilas, cidades, concelhos ou, até, o País.

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