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Centenas de jovens da JMJ celebraram em conjunto na Torre

Bandeiras, muitas. Braços no ar, cantos em uníssono, cor, danças étnicas, mostra de diferentes culturas e costumes, música, sorrisos e água e cerveja a circular para ajudar a suportar o calor que se fez sentir na tarde de domingo na Torre. Foi este o ambiente, descontraído, vivido na FÉsta das Nações, iniciativa, no âmbito da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), promovida pelo Comité Organizador da Diocese (COD) da Guarda, e que contou com a participação de cerca de 800 jovens de mais de dez países na Serra da Estrela.

Na festa de despedida dos peregrinos da JMJ distribuídos pelo território da Diocese da Guarda participaram também voluntários, famílias de acolhimento e outros elementos da comunidade católica, num evento em que cada comitiva subiu ao palco para, através da dança e da música, mostrar um pouco da sua cultura, num momento coletivo de partilha.

“Este intercâmbio religioso é muito importante. As práticas religiosas são diferentes de país para país e criámos aqui uma unidade na espiritualidade através da fé”, explicou, ao NC, a covilhanense Sandra Soares, responsável pelo COD da Guarda.

Segundo Sandra Soares, dos 800 jovens estrangeiros, 250 eram oriundos dos Países Baixos.

Difícil explicar sem se viver

Com vinte anos de existência, a Banda Jota foi a responsável pelo concerto ao final da tarde e por fazer todos dançarem ao mesmo ritmo, com coreografias emanadas do palco.

Jorge Castela, o vocalista, e Rui Manique, baixista, ambos padres, são dois dos membros da banda que utilizam os sons pop e funk para transmitirem a mensagem de que “Deus nos ama”.

Jorge Castela esteve em quatro JMJ e enfatizou que ver o Papa “é apenas um argumento para que aconteça esta sensação de caminharmos juntos”. “É difícil explicar o que é a JMJ sem se viver. Mesmo quem o vive tem dificuldade em expressá-lo por palavras. É um momento de união”, sublinhou o padre e vocalista da Banda Jota.

A primeira viagem de avião para viver fé de forma diferente

Papazinho Nhon Dju, guineense de 28 anos, andou pela primeira vez de avião e sentia-se cansado pela intensidade dos últimos dias, mas também feliz, realizado e expectante em ver o Papa.

“Além de conhecermos lugares históricos e outras culturas, conhecemo-nos uns aos outros. É uma forma muito diferente de viver a fé daquela a que estou habituado”, realçou Papazinho Dju, para quem a estreia na JMJ “é muito mais do que ver o Papa, é uma forma de fortalecer a nossa caminhada”.

Vinda do Equador, Viviana Sandovar, 22 anos, participa pela primeira vez na JMJ “para partilhar com mais jovens a mesma fé” e o grupo preparava-se para dançar um fandango.

O compatriota José Gordin, de Quito, é a quarta vez que participa no evento que, afirmou, lhe mudou a vida desde o Brasil, quando se deixou de sentir tão isolado para estar “entre irmãos”. “Aqui encontro-me com Jesus e com irmãos na fé, não importa a língua”, salientou José Godin, de 35 anos, que considera os jovens “esperança para a Igreja” e defendeu uma “mudança da estrutura mental de muitos sacerdotes, para se aproximarem mais dos jovens”.

Manouk Bewers, 23 anos, dos Países Baixos, que em 2015 esteve na Polónia, lamentou haver “cada vez menos jovens” na sua igreja, por terem outros afazeres e prioridades, e manifestou-se exultante por estar num lugar “onde se vive o espírito santo juntos”, em comunidade e num ambiente festivo.

“Experiência única”

Enquanto aguardava para apresentar a sua mensagem de paz através das músicas marrabenta e xigubo, a moçambicana Diana Matsinhe, de 30 anos, descreveu estar a repetir “uma experiência única”, já vivida no Panamá.

“Temos a oportunidade de conviver com diferentes nacionalidades, com o mesmo objetivo, que é compartilhar a fé em Cristo, além de podermos ver o Papa”, frisou a moçambicana, que elogiou a FÉsta das Nações e a “troca de mensagens enriquecedora através da música, uma linguagem universal”.

Gilbert Razon, filipino de 35 anos, mencionou o elevado número de católicos no seu país e a forma como considera a Igreja nos Países Baixos, onde agora reside, “aborrecida e velha”, o oposto do entusiasmo que se encontrava a viver no topo da Serra da Estrela e nos dias anteriores.

Quando os filipinos cantaram sobre a incursão de Fernão de Magalhães no seu país, e de a comitiva polaca ter apresentado uma dança real, já os franceses, oriundos de Tour e chegados de São Romão, todos vestidos com camisolas às riscas brancas e vermelhas, tinham animado os presentes com uma conhecida música gaulesa com uma letra adaptada, onde mencionaram os muitos castelos existentes na sua região.

Padre holandês trouxe jovens não católicos “para ficarem mais perto de Deus”

No grupo estava Anne-Cécile e Louis Dabrainville, ambos de 18 anos. O estudante afirmou-se um cristão que se foi afastando da fé e “este é um momento de aproximação” e de constatar “que não se está só na fé”.

“Tem de haver mais jovens na Igreja e eventos como este promovem isso. A JMJ é isso, fala a linguagem dos jovens”, completa Anne-Cécile de Nouel.

Jochem Velthoven é padre em Breda, Países Baixos, e trouxe para Portugal um grupo em que metade dos jovens não são católicos, mas participam num coro e quis que sentissem tanta gente a viver a sua fé e “para ficarem mais perto de Deus”.

Na FÉsta das Nações participaram as comitivas de França, Países Baixos, Filipinas, Polónia, EUA, México, Moçambique, Guiné, Colômbia e Equador, mas também jovens de vários outros países, como São Salvador e o Brasil.

Mais de um milhão de pessoas são esperadas em Lisboa para a Jornada Mundial da Juventude, com o Papa Francisco, de 1 a 6 de agosto, e é considerado o maior acontecimento da Igreja Católica.

 

 

 

 

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