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Chegar a quem está afastado da discussão pública

Projeto dinamizado pela Coolabora pretende recorrer a iniciativas informais e de proximidade para ativar a participação cívica

Chegar a quem está mais afastado da participação cívica e da discussão pública da vida comunitária. Fazer com que quem habitualmente não tem lugar de fala seja escutado. Levar pessoas de todas as idades e perfis a colaborar na identificação de necessidades e na proposta de soluções. Tentar, através de uma abordagem de proximidade, encontrar os meios adequados para que toda a comunidade se envolva e criar uma metodologia que possa ser aplicada em outros locais. Estes são alguns dos objetivos do projeto “Nós Vamos!”, que durante um ano vai intervir nos bairros de Santo António e dos Penedos Altos.

A proposta da cooperativa de intervenção social Coolabora foi uma das 140 submetidas à apreciação da Fundação Calouste Gulbenkian e uma das sete no país que obtiveram um financiamento de 30 mil euros para, durante um ano, experimentar metodologias de promoção da cidadania e da literacia democrática.

“O objetivo é abrir o leque de possibilidades de escuta de vozes que de outra forma não se iam fazer ouvir”, numa lógica de “enriquecimento da participação cívica” e de “ativação da participação cívica”, frisou o presidente da Coolabora, André Barata.

Segundo o responsável, “a essência do projeto é estar mais próximo desses cidadãos que normalmente não se fazem ouvir, encontrar outras formas de auscultar, inovar nas formas de auscultar”.

A diretora executiva da Coolabora, Graça Rojão, explicou que os dois bairros foram escolhidos por serem ambos periféricos à cidade, com “configurações e morfologias distintas”, que se trata de um projeto experimental e que, embora não exista um orçamento especificamente para a implementação de soluções, pretende-se apontar caminhos até maio do próximo ano.

Durante a intervenção vai ser testada a forma de “aumentar a participação em processos colaborativos”, chegar às “pessoas mais ausentes”, coordenar recursos com os vários parceiros e criar uma “ferramenta metodológica” que possa ser utilizada em outros locais com o mesmo propósito, referiu Graça Rojão.

Chegar a públicos habitualmente menos predispostos para participar na vida coletiva ou, pelos mais diversos motivos, habituados a não dar o seu contributo cívico, é um dos intuitos. As crianças, idosos, migrantes ou raparigas são alguns dos grupos populacionais no radar do projeto.

Se há quem não esteja predisposto a falar numa qualquer assembleia, ou nos espaços convencionais de decisão, a representante da Liga dos Amigos dos Penedos Altos (LAPA), Manuela Carneiro, deu como exemplo fazer uma caminhada “pelo território real”, para, em ambiente informal, identificar lacunas e posteriormente elaborar propostas criativas.

“Queremos desta forma poder dar visibilidade aos anseios que nos movem nesta parceria”, vincou a dirigente associativa.

Dinamizado pela Coolabora, o projeto tem a parceria da Câmara da Covilhã, da Universidade da Beira Interior (UBI) e duas coletividades “muito enraizadas em cada um dos bairros”, Lapa e Vitória de Santo António, que pretendem envolver no processo todas as associações e entidades locais, de escolas a clubes.

O vereador com o pelouro do associativismo, José Miguel Oliveira, elogiou a iniciativa e enalteceu as formas alternativas de potenciar a participação dos munícipes, para que ajudem a apontar caminhos e a encontrar possíveis soluções. “Temos de pensar em novas formas de ir ao encontro dos nossos cidadãos, de aproximar os cidadãos dos interlocutores”, acentuou o autarca.

Ana Margarida Ferreira, professora na UBI, referiu que a instituição pode contribuir com “apoio e conhecimento”, assim como com a “experiência científica e metodológica” para ajudar a “abrir horizontes”.

Até maio, os envolvidos vão, de forma informal, tentar ouvir as preocupações das pessoas, envolvê-las na discussão dos problemas, na definição de prioridades e no desenho de estratégias para implementar ideias.

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