Combate ao “inverno demográfico” é prioridade em Manteigas

Fixar pessoas será uma das metas do próximo mandato. Flávio Massano diz que estar no topo é a oportunidade de poder contribuir para a comunidade

Se Manteigas não atrair pessoas que a escolham como casa “não subsistirá muitos anos”. Foi esta a ideia chave deixada no passado sábado, 25, pelo reeleito presidente da Câmara de Manteigas, Flávio Massano, que tomou posse no cargo para um segundo mandato.

O autarca apontou as prioridades para os próximos quatro anos, tendo batido muito na ideia de que é preciso combater o “inverno demográfico” que afeta muitos municípios do Interior, promovendo o regresso de manteiguenses espalhados pela diáspora, e com novos residentes vindos da imigração. “Não fugimos à realidade do Interior. É preciso inverter a tendência dos últimos 70 anos. Manteigas precisa que a diáspora regresse e acolher novos imigrantes” disse o autarca, que anunciou a criação de apoios para fixar quem hoje mora no concelho, mas também atrair mais gente.

Garantindo que “nos próximos quatro anos sabemos o que queremos”, Massano priorizou algumas obras, como as 38 casas a preços acessíveis que já estão em andamento e podem ajudar a fixar pessoas, a construção de uma nova escola, de um novo pavilhão gimnodesportivo, a requalificação da rua 1º de Maio e criação da praça central da vila, a criação do mercado da montanha, a reabilitação do auditório municipal do Centro Cívico ou a construção de uma piscina municipal coberta. O autarca anunciou ainda já ter acordado com a GNR a criação de uma infraestrutura para acolher um posto de resgate da Unidade de Emergência de Proteção e Socorro (UEPS), que contará com 35 efetivos, e garantiu que depois de quatro anos de planeamento, e lançamento de algumas obras, agora o tempo é “de concretização”.

O reeleito autarca vincou as vitórias com “maiorias inequívocas” quer na Câmara, Assembleia, como em todas as freguesias, e reconheceu que estão criadas as “condições ideais” para o “melhor mandato de sempre”. Sobre a eventual falta de oposição nos diversos órgãos, o autarca afirmou que o povo “preferiu menos oposição e alertas, e mais braços para trabalhar”.

Numa cerimónia, no auditório municipal do Centro Cívico, que começou ao som de “Enquanto houver estrada para andar”, de Jorge Palma, Flávio Massano fez uma retrospetiva pela sua vida, desde a infância em Manteigas, aos estudos e inicio da vida profissional em Lisboa, e ao regresso às origens para liderar a Câmara, em 2021. Disse que “subir a montanha tem mais valor que ficar no seu topo”, que a “caminhada é sempre melhor que o destino que se deseja”, e que a reflexão sobre “o que somos pode ser importante para não perder o foco”. Massano disse que “hoje pode parecer que alcancei o topo”, quando identificado com poder, mas com humildade disse ser “um de vós, nada mais que isso”. Reconheceu a ousadia de, aos 29 anos, ter tido a “ideia delirante” de criar um movimento independente com o objetivo de ganhar eleições, o que conseguiu, e que nestas eleições o mesmo foi amplamente reforçado, numa noite eleitoral “que guardarei para sempre na memória”. O presidente da Câmara de Manteigas garante que a política “tem menos a ver com poder, mas sim com a ligação à comunidade”, afirma não ter atingido o topo de nada, mas sentir-se “hoje no topo”, pois tem a oportunidade de “cumprir o sonho” de poder contribuir para a comunidade.

Flávio Massano agradeceu aos vereadores da oposição que com ele colaboraram no último mandato, mas em especial ao seu vice-presidente, Sérgio Marcelo, que se retirou, por opção própria, das lides políticas. “Ficarei eternamente agradecido por tanto que me deu, e pela lealdade” disse, apelando à união entre todos os manteiguenses. “O espírito é cada vez mais de construção, e não de ódio ou discórdia. O amor vence sempre”, garante.

O autarca acredita que os próximos quatro anos serão “determinantes” para o concelho se afirmar na região e no País, lembrou as potencialidades existentes, nomeadamente no turismo da natureza, e apelou a que as gentes da terra deixem de lado “as lamentações que não nos levam a lado nenhum”, mas que tenham, isso sim, uma atitude de maior orgulho no que existe em Manteigas. “Os dados que temos mostram-nos que estamos no caminho certo. Temos um futuro mais promissor e ambicioso”, assegura.

O executivo da Câmara de Manteigas contará, além de Flávio Massano, com os vereadores da maioria do Movimento Manteigas 2030, Odete Almeida, António Morais e João Cardoso, e com o único eleito do PS na oposição, Nuno Soares. Na Assembleia Municipal, o Manteigas 2030 também tem maioria, com nove eleitos, mais quatro presidentes de junta, contra os quatro deputados do PS e um do PSD, o ex-autarca José Manuel Biscaia. De saída, o presidente da mesa, José Manuel Cardoso, que deixa a participação cívica após seis mandatos como vereador e um como deputado, lembrou a importância do poder local na proximidade e familiaridade que tem com as populações, apelou a uma maior participação cívica das populações na vida dos municípios e pediu ao Estado que as transferências de competências às autarquias sejam acompanhadas de “mais recursos financeiros”. “O poder local não é apenas um cargo, é uma responsabilidade. Sem poder local, não existe coesão territorial”, assegura.

VER MAIS

EDIÇÕES IMPRESSAS

PONTOS
DE DISTRIBUIÇÃO

Copyright © 2025 Notícias da Covilhã