“Por serras dignas”. Assim se chama a iniciativa que decorre no próximo domingo, 21, às 11 horas, na Torre, Serra da Estrela, que pretende chamar a atenção para a devastação causada pelos incêndios florestais que atingiram a região em 2022, e, mais recentemente, no passado mês de agosto.
Várias organizações e pessoas unem-se numa concentração que pretende “afirmar a dignidade das serras e das comunidades que nelas habitam”. O encontro pretende ser “um momento de protesto, catarse e partilhas, reunindo pessoas de todas as vertentes da Serra da Estrela” assume a organização.
“Face à repetição e ao agravamento dos incêndios nas nossas serras, não podemos deixar que o nosso silêncio seja cúmplice da continuidade deste ciclo” afirma Catarina Taborda, uma das organizadoras.
Mariana Castro, da Ação Floresta Viva, lamenta o impacto dos incêndios. “Vim para a Serra pela promessa de uma vida mais justa e mais ligada à natureza e às pessoas e, em vez disso, encontro uma paisagem de cinzas de onde os jovens querem partir”.
Graça Rojão, da CooLabora, uma das entidades organizadoras assinala que “perante esta devastação, é importante que as pessoas dia 21 de setembro subam à Serra e digam basta. A mobilização coletiva é fundamental para que não continuemos a ser apenas palco dos incêndios de Verão e território esquecido durante o resto do ano”.
Segundo estas entidades, os últimos anos deixaram marcas profundas: em 2022, o incêndio da Serra da Estrela devastou cerca de 24 mil hectares, 20 % do Parque Natural foi destruído pelas chamas. Em 2025, a catástrofe repetiu-se com ainda maior violência: o fogo iniciado no Piódão arrasou mais de 64 mil hectares, representando a maior área ardida de sempre em Portugal.
O manifesto que sustenta esta mobilização recorda que a montanha não é apenas paisagem, mas “casa de pessoas, culturas, animais e ecossistemas.” E exige “dignidade para as serras e para quem nelas vive: florestas diversas e regenerativas, água limpa, empregos dignos, transportes e habitação acessíveis, e uma economia que valorize quem cuida e quem permanece.”
Para além do protesto, a iniciativa “Por Serras Dignas” pretende criar espaço de partilha e convívio. Será montado um microfone aberto, onde todas as pessoas são convidados a trazer uma canção, um poema, uma inquietação ou uma proposta. Por volta das 13 horas terá lugar um piquenique partilhado, para o qual se sugere que cada participante traga produtos locais e emblemáticos das serras, celebrando assim a diversidade e riqueza do território. A organização incentiva também a partilha de transporte e boleias, para facilitar a participação e reduzir o impacto ambiental.