“Vamos recorrer a todas a formas de pressão e de intervenção. Neste quadro, Setembro, Outubro e Novembro vão ser quentinhos, porque a luta vai aquecer. Por isso quero afirmar que o corte da A23 e da A25 vai estar nos nossos objectivos, e isto não deve merecer a menor das dúvidas”. O aviso foi dado no passado sábado por Luís Garra, um dos nomes que integra a Plataforma pela Reposição das SCUTS na A23 e A25, que na tarde do passado sábado realizou em Castelo Branco uma manifestação, em frente à secretaria de Estado das Florestas e Ordenamento do Território que, contudo, não teve grande adesão.
“A nossa determinação é continuar uma luta que só terminará quando nos for feita justiça e quando forem respostas as ex-SCUTs no Interior do País, com a abolição das portagens na A23, na A24 e na A25. Hoje podíamos e devíamos ser mais, mas os que estamos representamos a vontade de muitos que queriam estar e não o puderam fazer. Não, nós não ignoramos o quanto é financeiramente pesado meter combustível nos carros, ainda por cima quando a maioria da nossa população vive com rendimentos muito baixos, muito próximos do limiar da pobreza” disse Luís Garra. Que acrescenta que a Plataforma, para minimizar custos, ainda solicitou a cedência e o pagamento de autocarros às câmaras municipais dos distritos da Guarda e de Castelo Branco, mas “a maioria não respondeu e as que o fizeram, responderam negativamente. Fica muito claro que os autarcas do Interior no discurso dizem que querem a reposição das SCUTs, mas nas acções nada fazem para este justo e necessário objectivo ser conseguido. Ou seja: entre as pessoas e o partido, eles optam pelo partido contra as pessoas.”
Mais uma vez os responsáveis criticaram o Governo por não inscrever a redução do preço das portagens na proposta do Orçamento de Estado para 2002, apesar das imensas tentativas, “em diálogo”. Garra disse que foram pedidas reuniões aos ministros das Finanças e das Infra-estruturas e Habitação e à Ministra da Coesão Territorial, “mas estes não se dignaram responder aos nossos pedidos. Esta última, numa atitude que considero deselegante e contrária às juras de amor eterno ao Interior que ela fez no debate com os candidatos, onde, lembro, chegou a dizer que se fosse ministra, como é, iria reunir connosco para estabelecer um compromisso para a reposição das SCUTs e para uma agenda mais ampla para o Interior. Em vez disso despachou-nos para a senhora Secretária de Estado do Desenvolvimento Regional” acusa.
“Tudo temos feito para continuar o caminho da reposição das SCUTs no Interior pela via do diálogo. Aliás, ninguém sério pode colocar em causa esta nossa postura construtiva. Ainda ontem reunimos com os deputados do PS eleitos pelos distritos da Guarda e de Castelo Branco e, infelizmente, eles não foram capazes de assumir um compromisso claro e palpável. Juras de amor ao Interior ouvimos muitas, medidas concretas sobre a redução do preço das portagens ainda em 2022 não as ouvimos” afirma.
Luís Garra recorda os compromissos assumidos pela “então candidata do PS pelo distrito de Castelo Branco e hoje de novo Ministra da Coesão” e pela “então candidata pelo PS na Guarda e hoje também ministra.” Que “disseram publicamente que achavam razoável que ainda em 2022 houvesse novas reduções no preço das portagens no Interior. Por isso, cumpram o que prometeram, pois ninguém as obrigou a prometer.”
O membro da Plataforma recorda que são 16 os deputados do PS eleitos pelos distritos do Interior acima de Portalegre. “Eles são decisivos para uma maioria absoluta. Se eles quiserem têm força para impor ao Governo a redução das portagens a caminho da sua completa eliminação. Dia 27 de Maio (amanhã, sexta-feira) veremos o que fizeram pelo Interior que os elegeu e cá estaremos para os valorizar se estiverem do nosso lado, para os criticar se não estiverem.” Luís Garra considera ainda que o Interior “é slogan oportunista em tempo de eleições. Para os governantes, o Interior é como os amores de Verão: passam depressa!”
O responsável considera que a reposição das SCUTs no Interior com a eliminação das portagens na A23, A24 e A25 “é justa e é necessária. E não se diga que não há dinheiro.” E mesmo não sabendo o que vai acontecer com o Orçamento de Estado deste ano, “de uma coisa estamos certos: se não radicalizarmos o discurso e, acima de tudo, não radicalizarmos a luta, o Governo não fará a reposição das SCTUs. Queremos deixar muito claro que a Plataforma vai estar à altura das suas responsabilidades, e vai ter uma intervenção arrojada, forte e de envolvimento da população. E sim, vai continuar a estar disponível para o diálogo e a negociação. No entanto, devemos ter bem a noção que o diálogo e a negociação só terão resultados se o Governo sentir a nossa e a vossa força.”