Carlos Madaleno
Tudo começou com uma aterragem de emergência feita pelo aviador Santos Neves, em 1929, num caminho a sul da quinta da Grila. Após socorrido e hospitaleiramente recebido, o piloto prometeu voltar à cidade. Prometido é devido e, no final do mês de julho, voltou com uma esquadrilha, composta de 4 aviadores e capitaneada por Dias Leite. Um dos aviões não chegou a exibir-se, pois não reparando o seu aviador, Fernando Tártaro, num valado teve logo problemas que impediram a descolagem. Porém os restantes fizeram as delícias dos covilhanenses durante a festa de Santiago.

O sentimento pelas máquinas do ar foi-se assim consolidando. Em 1935, o então presidente da câmara, Dr. Calheiros Veloso, encetou as primeiras diligências para a criação do aeródromo da Covilhã, mas o processo arrastou-se no tempo. Data de1938 o primeiro projeto para aquela estrutura cuja construção se previa no Casal Dois, entre o Tortosendo e a Ponte de Pedrinha, mas o Conselheiro Nacional do Ar rejeitá-lo-ia. Chegou-se a pensar num aeródromo que servisse conjuntamente as cidades da Covilhã e da Guarda, mas, em 1944, é escolhido o mesmo local onde ainda se encontrava antes da construção do Data Center. As expropriações importaram em 219.917$00 e a construção do hangar em 164.324$00.
Em 15 de junho de 1946, aterrava o primeiro avião na nova pista, o copiloto era Carlos Coelho, então presidente da Câmara. Ao advogado, Crespo de Carvalho, outro não menos importante entusiasta das coisas do ar, se deveu a criação do aeroclube da Covilhã.
Desde 1947, funcionou também no local uma escola de aviação civil, que até 1975 formou várias dezenas de pilotos. De entre os ali formados, ficaram conhecidos pelo acidente de que foram vítimas, em 1949, os Covilhanenses, António Matos Soares e José Moura e Silva. Apesar da grande perícia que possuíam, estes pilotos nada puderam fazer contra o mau tempo e acabaram por perder a vida quando o avião em que seguiam embateu num penedo, junto a Folgosinho.
Em 1969, a 30 de março, o aeródromo passa a dispor do serviço de táxis aéreos contando com os Islander, capazes de levar nove passageiros e com os Twin Comache, com capacidade para três pessoas. Nesse ano, e na presença do presidente da câmara, Borges Terenas, é prometido pelo Ministro das Comunicações, a transformação do aeródromo num aeroporto de carreiras regulares. Em 1979, durante o executivo liderado por Lopes Teixeira, a pista é melhorada e a partir de 1 de abril de 1980, passou a usufruir de um novo serviço de voos regulares.
Em 1985, com os aviões e carreiras da LAR e com as celebrações na Covilhã, do 33º aniversário da Força Aérea, muitos acreditam num grande futuro para aquela estrutura.
Novas promessas e projetos foram desde então equacionados, desde criação de unidades industriais para o fabrico de aeronaves até à construção de um moderno aeroporto, mas o sonho terminaria com a construção de um cubo que alguns julgavam ser mágico.
O vizinho aeródromo de Castelo Branco, inaugurado em 2013, é hoje o ponto de apoio para o programa ETAP-C (Programa Europeu de Transporte Aéreo Tático – Curso), organizado pela Força Aérea Portuguesa, a Covilhã ficou-se pelo ver passar os aviões.
