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Covilhã acolhe 80 deslocados que fugiram da guerra na Ucrânia

Dos cerca de 80 deslocados da Ucrânia que se encontram na Covilhã, dez já têm trabalho em diversas áreas e existem outras candidaturas em apreciação no centro de Emprego e Formação Profissional (IEFP), uma vez que “para eles o emprego é fundamental”, informou na quarta-feira, 25, a vereadora com o pelouro da Acção Social, Regina Gouveia.

Segundo a autarca, as principais preocupações da Missão de Acolhimento Covilhã-Ucrânia, iniciada em Março, são a autonomização dos deslocados e dotá-los de competências. A maioria não fala inglês, o que dificulta a comunicação e a integração. A funcionar já estava uma turma de formação e, entretanto, abriram mais duas, para fazer face às necessidades. Dois dos refugiados encontravam-se a trabalhar em Maio e estava previsto oito iniciarem funções em 1 de Junho.

Isabel Barrau, a directora do IEFP da Covilhã, informou que as ofertas de emprego surgiram de várias áreas. Do comércio aos têxteis, de diversos serviços a salões de cabeleireiro.

De acordo com a directora do IEFP, além da língua, outros problemas prendem-se com a ausência de transportes públicos compatíveis com os horários das empresas e com o trabalho por turnos, que limita quem tem filhos a cargo.

Isabel Barrau destacou que os refugiados acolhidos podem representar uma oportunidade para ajudar a suprir a necessidade de mão-de-obra em alguns sectores.

“Salvar pessoas”

Regina Gouveia salientou “o recato” com que o assunto está a ser tratado e referiu que este é “um desafio” para o qual nenhuma entidade estava preparada, mas que a articulação entre instituições e o “trabalho em conjunto” de uma equipa multidisciplinar tem permitido dar resposta às solicitações.

A vereadora na Câmara da Covilhã realçou a tradição hospitaleira da Covilhã, lembrou estar-se a acudir a quem foge de um conflito e mencionou o orgulho do concelho e do município em ajudar.

“Nunca poderíamos deixar de responder a um desafio que tem que ver com salvar pessoas. Com permitir que elas venham para lugares seguros. E ainda bem que os lugares seguros são o nosso território. É tão bom sermos um porto de abrigo”, enfatizou Regina Gouveia.

A autarca mencionou ainda a tendência demográfica no Interior, que coloca problemas em várias áreas, por haver territórios “quase sem gente”. “Como é que poderíamos deixar de encarar também como uma oportunidade termos entre nós pessoas que vêm de outro país e que precisam de outro lugar para recomeçar? Nunca”, acrescentou a vereadora.

Muitos são estrangeiros que residiam na Ucrânia

De acordo com Regina Gouveia, devido à invasão da Ucrânia por parte da Rússia, estão no concelho, chegadas desde Março, 80 pessoas, 30 acompanhadas pela Missão de Acolhimento, de 41 que inicialmente ficaram instaladas no Seminário do verbo Divino, no Tortosendo, arrendado pelo município para o efeito, e 21 pessoas de 14 famílias alojadas em casas de particulares. Há ainda a Mutualista Covilhanense e a Santa Casa da Misericórdia da Covilhã a acompanhar alguns desses deslocados.

O grupo que em Abril chegou ao Seminário do Tortosendo, em articulação com o Alto Comissariado para as Migrações, embora sejam refugiados da guerra na Ucrânia, é composto por cidadãos também de outras nacionalidades que se encontravam no país do Leste europeu, nomeadamente estudantes.

Desse grupo fazem parte cidadãos do Paquistão, Índia, Argélia, Angola, Nigéria, Cazaquistão e China, além de ucranianos.

No caso dos 16 estudantes do ensino superior, estão a ser encetadas diligências com a Universidade da Beira Interior, no sentido de verificar as qualificações, documentação, averiguar possíveis equivalências e tentar que prossigam na Covilhã os seus estudos, embora a vereadora admita que esse cenário não seja provável no decorrer deste ano lectivo.

Regina Gouveia adiantou já ter sido atribuído o rendimento social de inserção a 40 pessoas e decorrerem as formalidades burocráticas de mais 25 processos.

“Estão previstas medidas especiais, que não tiram a possibilidade a quem já cá está”, reforçou Regina Gouveia, recordando tratar-se de uma situação humanitária e de resposta a uma emergência.

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