“Design, signum, máquina, técnica, ars, arte, Covilhã. Aqui a arte e a técnica traçam-se em novas formas de cultura. Cidade criada do fio, do debuxo que todos os dias se transformam em tecidos, formas, cores e feitios múltiplos”, ouve-se nos primeiros segundos do filme promocional que o município da Covilhã apresenta na 44.ª Feira Internacional de Turismo – FITUR, em Madrid, que decorreu de quarta-feira, 24 a domingo, 28. É percetível a ligação à arte e cultura, aos lanifícios, à natureza e à gastronomia, os quatro eixos da promoção turística que a autarquia destaca e que se aliam ao slogan da nova campanha promocional: “Tem tempo para ti”.
“Hoje em dia, o tempo é dinheiro, o tempo é importante, estamos sempre a queixar-nos da falta de tempo. Esta ideia de “a Covilhã tem tempo para ti” é exatamente que a Covilhã tem valor a acrescentar, ou seja, associar o tempo à Covilhã”, explica o vereador do turismo da Câmara da Covilhã, José Miguel Oliveira, durante a viagem até Madrid.
Todo o conceito da campanha está presente no expositor que a autarquia levou até à IFEMA Madrid, onde decorreu a FITUR. “O stand está todo alinhado. Tem imans para o frigorífico que dizem ‘tem tempo para ti’, todos os postais dizem ‘tem tempo para ti, conhece a nossa natureza’ ou ‘tem tempo para ti, conhece a nossa gastronomia’, afirma Telmo Martins, da Lobby Productions, empresa covilhanense responsável pela idealização do stand e da campanha.
“É vender tempo juntamente com os produtos e serviços da cidade. Dizer que a cidade tem tempo, é mais lenta, lá o tempo abranda. As pessoas lá conseguem desligar-se do ritmo em que vivem hoje. Há tempo, não só para viver, para aproveitar a sua própria vida e para aproveitar uma visita à cidade para estar consigo própria e com os outros”, explica Telmo.
O realizador frisa que o objetivo da campanha passa por “relacionar emocionalmente todos os elementos da marca com o consumidor” de forma a tornar a “marca Covilhã mais ‘cool’ e querida, ou seja, aproximá-la de uma ‘love brand’, de uma marca que tu passas a gostar pelas características, pela personalidade e pela forma como ela se relaciona com o consumidor”.
“Acho que os covilhanenses têm consciência do que é que nós temos para oferecer. Hoje em dia a Covilhã é muito mais que a Serra da Estrela, se bem que continua a ser um bom chamariz e um ex-libris”, considera José Miguel Oliveira acrescentando que a estratégia da autarquia em termos turísticos passa “cada vez mais por mostrar o que é que a Covilhã tem para oferecer”. “E efetivamente tem muito”, conclui.
Para Telmo Martins é importante saber vender turismo, isto é, “entender as pessoas e perceber o que é que elas querem enquanto seres humanos”. “O turismo tem uma grande responsabilidade na felicidade das pessoas e tem uma grande responsabilidade na perceção de ‘a minha vida foi boa ou má’”, defende.
Aumentar duração das estadias
Apesar de o município ter pensado na participação na FITUR em anos anteriores, apenas este ano se concretizou. “Já há algum tempo vínhamos falando na nossa participação, quer na FITUR, quer na INTUR (em Valladolid), quer ao fim ao cabo no posicionamento da Covilhã ao nível do mercado ibérico”, refere José Miguel Oliveira.
O autarca considera a proximidade do concelho à fronteira com Espanha como uma potencialidade no que ao turismo diz respeito, destacando os números do país vizinho em termos de turistas. “A Espanha é um dos maiores mercados do mundo a nível turístico. Estamos a falar de quase 76 milhões de turistas/ano que somando os turistas do nosso país, fazem com que esta península tenha aqui um mercado de 100 milhões de turistas. Portanto, a nossa presença nesta que é a maior feira ibérica de turismo, é reflexo da nossa aposta”, assegura o vereador.
Segundo José Miguel Oliveira, o objetivo da participação passa por aumentar o valor da marca Covilhã, aumentar os visitantes do concelho, aumentar o conhecimento que as pessoas têm da cidade e aquilo que são as suas “riquezas”. Atualmente, o tempo de estadia no concelho da Covilhã por turistas encontra-se no 1.8, “o que quer dizer que são estadias curtas. A ideia é aumentar a duração e proporcionar-lhes [aos turistas] várias experiências”.
Covilhã: uma marca que “obriga” a estar sozinho
Embora seja a primeira participação do município, desde 2013, em feiras internacionais, a Covilhã já havia participado em anos anteriores na Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL), fazendo a sua primeira presença no segundo mandato do executivo, iniciado em 2017. O ano passado a Covilhã participou na feira lisboeta juntamente com a CIMBSE. Sobre essa participação o vereador faz uma avaliação positiva, contudo “a marca Covilhã per si tem peso específico que obriga a termos que estar sozinhos”. Assim, entre os dias 28 de fevereiro e 1 de março a Covilhã vai marcar presença na edição deste ano da BTL, não só com a CIMBSE, mas também com stand próprio.
“A Covilhã, em termos de feiras, tem tido uma evolução natural. Quando entramos na Câmara em 2013, a situação financeira era complicada e a nossa política de turismo não era propriamente uma prioridade, apesar de estarmos atentos”, sublinha.
“Olharmos agora para este ano, com este novo conceito, novo stand, trazemos uma identidade muito própria. Estamos presentes de forma individual, mas acima de tudo, de uma forma única que é isso que, ao fim ao cabo, cada território vai lá firmar. Vai firmar aquilo que é único… Aquilo que faz a Covilhã ser um destino de interesse para quem nos visita”, vinca o autarca.