O Memorial aos Combatentes da Guerra do Ultramar da Covilhã, localizado ao lado do Monumento do Soldado Desconhecido, junto ao Jardim Público, é inaugurado dia 22, às 12:00, revelou, ao NC, o presidente do Núcleo da Covilhã da Liga dos Combatentes, João Azevedo.
Para o dirigente, esta era uma aspiração antiga do Núcleo da Covilhã e João Azevedo considerou tratar-se de uma homenagem “significativa, edificante, elogiosa”, além de “um reconhecimento do esforço” feito pelos antigos combatentes nas antigas colónias e pelas respetivas famílias.
O responsável acentuou que é também “uma coisa que fica para a posteridade”, para que os 48 covilhanenses que morreram na Guerra Colonial, os que voltaram feridos, os que continuam a sofrer com stress pós-traumático e todos os que foram enviados para África e Índia sejam lembrados no futuro.
“É uma homenagem que fazemos a quem deu sangue, suor e lágrimas em defesa da pátria, no contexto em que tiveram de o fazer”, sublinhou o presidente da Câmara da Covilhã, Vítor Pereira, ao NC.
O custo do monumento, segundo o portal BASE cerca de 75 mil euros, é integralmente suportado pela Câmara da Covilhã.
“O município está, em nome dos covilhanenses, a homenagear os nossos combatentes. É um momento que tem esse simbolismo de expressar a gratidão, esse profundo agradecimento, por tudo o que fizeram”, acrescentou Vítor Pereira. “Queremos homenagear os que estão entre nós, aqueles que já partiram ou que tombaram no campo de batalha”, continuou o edil.
Para Vítor Pereira este é igualmente um “ato de justiça” pela dívida dos portugueses e dos covilhanenses para com os muitos jovens que foram combater “na flor da idade”.
O memorial aos covilhanenses que participaram na Guerra Colonial, entre 1961 e 1974, é da autoria dos arquitetos António Saraiva e Filipe Oliveira, que utilizaram na peça granito, mármore e aço corten, para representar “a dureza do tema em questão”.
Segundo os autores, um grande pórtico, em aço corten, com base triangular, formal e simbólica, representa a Serra da Estrela”.
Na base sólida e geométrica do murete em granito amarelo encontram-se as quatro lápides – Angola, Guiné, Índia e Moçambique -, em aço, com a inscrição dos nomes dos soldados mortos, por ordem alfabética, e elaborada de acordo com as listas oficiais fornecidas pela Liga dos Combatentes da Covilhã.
“A frieza da geometria do monumento é quebrada com uma imponente coluna no centro da base em mármore, que simboliza a perenidade de Portugal e a sua continuidade através dos séculos”, referiram os arquitetos responsáveis.
Segundo os autores, as lajes em granito e mármore no chão simbolizam as consequências de ferimentos físicos e psíquicos presentes em quem regressou.
Ao lado encontram-se três mastros, para as bandeiras de Portugal, da Covilhã e a da Liga dos Combatentes.
Localizado a poucos metros do Monumento ao Soldado Desconhecido, onde já estavam perpetuados os nomes dos soldados mortos na Guerra Colonial, João Azevedo enfatizou que é importante, para quem esteve na então chamada Guerra do Ultramar, ter uma peça escultórica que evoque especificamente este período.
“Para nós era muito importante termos um monumento autónomo que reconheça o nosso esforço”, referiu o presidente do Núcleo da Covilhã da Liga dos Combatentes.
As cerimónias têm início às 11:00, com uma missa na Igreja de São Francisco, no Jardim Público, de onde segue o cortejo até ao memorial, inaugurado a seguir.
João Azevedo mencionou os homens que regressaram feridos das antigas colónias e os muitos que sofrem até hoje com stress pós-traumático. Além de outros serviços, o Núcleo da Covilhã tem um gabinete que presta apoio psicológico aos antigos combatentes e às suas famílias, que continuam a sentir, indiretamente, as consequências da guerra.
O Núcleo tem há muitos anos o desejo de ter um lar que possa acolher os antigos combatentes no outono da vida e chegou a ter o terreno para a obra, mas João Azevedo não vislumbra que existam condições para que se possa concretizar. “Será sempre uma ambição, mas desperdiçou-se a oportunidade e, agora, não vejo possibilidade para avançar com isso”, reforçou.
Em 13 anos, Portugal mobilizou mais de um milhão de militares para a Guerra do Ultramar, onde cerca de dez mil morreram.