“O momento agora é de celebrar, sem excessos. Cumpriu-se a vontade do povo e é isso que agora mais importa. Que cada uma das freguesias, com a sua autonomia recuperada, caminhe unida, servindo as suas populações rumo ao progresso”. É esta a reação do presidente da União de Freguesias de Ourondo/Casegas, César Craveiro, à aprovação, na passada sexta-feira, 17, pelo Parlamento, da reposição de 302 freguesias por desagregação de uniões de freguesias criadas pela reforma administrativa de 2013. O projeto de lei teve os votos a favor dos proponentes PSD, PS, BE, PCP, Livre e PAN, e ainda do CDS-PP, o voto contra da Iniciativa Liberal (IL) e a abstenção do Chega na generalidade, na especialidade e em votação final global.
No concelho da Covilhã, além de Ourono/Casegas, também as uniões de Cantar-Galo/ Vila do Carvalho, Barco/Coutada e Peso/ Vales do Rio foram “desfeitas”.
César Craveiro recusa algumas das críticas deixadas, na semana passada, por cidadãos do Ourondo. “Os lamentos e críticas que foram ouvidos e citados, podem levar os leitores a pensar que o Ourondo foi a povoação vítima e Casegas a povoação criminosa” realça, lembrando que o Ourondo nunca foi tutelado por Casegas. “Naturalmente, houve necessidade de ajustar o funcionamento dos serviços administrativos, por não ser razoável e funcional mantê-lo dispersos. Contudo, nunca as cidadãs e cidadãos do Ourondo tiveram necessidade de se deslocar à sede da Junta de Freguesia, em Casegas, para obterem qualquer documento, passível de ser emitido no âmbito das competências detidas, ou a certificação da residência e confirmação de prova de vida, como, também, sempre estive disponível para receber quem precisasse falar com o presidente da Junta” garante.
Num balanço a estes 12 anos, César Craveiro admite que, “certamente, não conseguimos satisfazer todas as necessidades, mas quem estiver de boa fé pode constatar que foi requalificado o ringue desportivo/campo de festas, o largo da carreira, com construção de instalações sanitárias públicas, o troço da Estrada Municipal 512 entre o centro urbano do Ourondo e o cruzamento com a EM 511, consolidou-se o talude antes da ponte sobre a ribeira caia e pavimentaram-se as ruas do rio e do parque de merendas” frisa, entre outras obras.
Quanto à reversão da agregação, “não nos poupámos a esforços para que o processo tivesse tido esse desfecho. Ao longo dos 12 anos, foram muitas e variadas as formas e meios de luta que assumimos como o nosso maior desígnio.”
Na União de Freguesia de Peso/Vales do Rio, o seu presidente, Rui Amaro, afirma que a decisão “histórica” da desagregação é “um reflexo da vontade expressa pela população e pelos órgãos autárquicos, que, ao longo de um processo de diálogo e consulta, manifestaram a necessidade de repor a autonomia administrativa das duas freguesias.” Segundo o autarca, a criação destas duas freguesias visa “reforçar a identidade local, melhorar a gestão dos serviços públicos e garantir uma maior proximidade com os cidadãos. A medida respeita, assim, os anseios das comunidades envolvidas, que, por meio de uma consulta popular e de discussões com os representantes autárquicos, demonstraram o desejo de ver as suas freguesias novamente separadas.” “Esta é mais uma etapa no caminho para uma gestão local mais eficaz e próxima das pessoas” acrescenta.
Covilhã/Canhoso à espera
Também em comunicado, a União das Freguesias de Covilhã e Canhoso congratula-se pela aprovação da desagregação de várias uniões de freguesia, “em especial as quatro do nosso concelho, como era vontade das populações.” A autarquia adianta que já tem agendadas reuniões com os vários grupos parlamentares para que, “na maior brevidade possível, a criação das freguesias da Covilhã e do Canhoso seja também uma realidade.”
Com a aprovação desta separação, as freguesias irão já a votos nas próximas autárquicas, efetivando-se o divórcio entre as mesmas depois desse ato eleitoral.