Da resiliência à garra beirã

Até 8 de Agosto, a azáfama vai ser grande para muitos jovens que pretendem ingressar no Ensino Superior. Decorre até aí a primeira fase do Concurso Nacional de Acesso que este ano abre mais vagas, mas apesar de algumas melhorias no que toca ao Interior (a UBI é exemplo), continua cheio de vícios que, mais uma vez, beneficiam “sempre os mesmos”: Lisboa e Porto.

Segundo o Ministério da Ciência e Ensino Superior, este ano existem 54 mil 361 vagas disponíveis nas universidades e politécnicos públicos, mais 1398 que em 2021. Um aumento de 2,6 por cento, que segundo a mesma entidade significa também mais 3,8 por centro de vagas em estabelecimentos do Interior. Bom, sim. Mas não excelente.

A UBI, por exemplo, tem mais 173 lugares em aberto em relação ao ano passado, para conseguir mais uns alunos, um aumento de 13 por cento. Mas, em paradoxo, a Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Oliveira do Hospital perde 53 vagas, menos 22 por cento.  Já nas áreas de Lisboa e do Porto, por exemplo, a Universidade Nova de Lisboa perde cinco vagas, mas a Universidade do Porto ganha 198 vagas.

Depois, quando se olha aos números, vê-se que, por exemplo, só para Direito, na Universidade de Lisboa, há 445 vagas. Seguido de outro curso de Direito, mas em Coimbra, com 334.  O terceiro curso com maior número de lugares é Enfermagem, na Escola Superior de Coimbra, com 320, e em quarto, o curso de Medicina na Universidade de Lisboa, com 295 vagas. Ou seja, nenhum na faixa mais Interior de Portugal. Nada de novo, portanto. E que, por exemplo, a Universidade de Lisboa é de longe a maior do País e abrirá 7373 vagas para o concurso nacional de 2022/23. Mais uma vez, nada de novo, quando comparado com outras instituições mais “de dentro” do País.

Novidade, é a existência de 325 novos cursos, 22 financiados pelo chamado Plano de Recuperação e Resiliência (uma palavra hoje usada por tudo e por nada) em várias áreas, entre as quais Matemática e Ciências. Os cursos novos financiados pelo PRR representam 642 vagas, sendo 365 destas disponibilizadas em Lisboa e Porto e, pasme-se, 217 no resto do País. Nada de novo, portanto.

Daí que a resiliência tão apregoada por lá, por cá chama-se garra. Garra de não desistir, garra de mostrar qualidade de trabalho, garra para se ter qualidade de vida, condições para que quem vem se sinta bem e possa, talvez, no futuro ficar, ajudando a povoar um Interior cada vez mais desertificado e ao qual, neste concurso, mais uma vez o Governo dá mais umas migalhas.

É também pela garra que ainda hoje continuamos a trazer a si as notícias da Covilhã, da Cova da Beira, da região, passados quatro meses desde a demissão de director e administrador, e sem qualquer novidade quanto ao futuro. Não estando, desde Março, em papel, mantemos a presença na Internet e redes sociais, e regularmente uma edição PDF que, nas próximas duas semanas, não teremos, devido ao justo período de férias de quem trabalha. Em meados de Agosto, retomaremos. Boas férias!

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