Mudança de dono. A empresa espanhola Asterion Industrial Partners, sediada em Madrid, anunciou no final da passada semana a aquisição do Data Center da Covilhã à Altice Portugal, por 120 milhões de euros, marcando desta forma a sua entrada no mercado de centro de dados em Portugal.
Segundo a empresa, em comunicado, trata-se de uma operação estruturada como a venda de um ativo não estratégico realizada através do fundo Asterion Infrastructure Fund III, cujo fecho, no valor de 3.400 milhões de euros, tinha sido anunciado em setembro.
O centro de dados da Covilhã, que tanto pode servir o mercado português como o europeu, conta atualmente com 6,8 megawatts (MW) de capacidade instalada e apresenta um design modular que permite uma expansão significativa. Pode acrescentar até 75 MW adicionais através de novos módulos integrados no campus existente e tem ainda a possibilidade de atingir cerca de 175 MW em terrenos adjacentes que já dispõem de fornecimento elétrico. A Altice Portugal — principal operador de telecomunicações do País – continuará a ser o principal cliente do “cubo” da Covilhã, ao abrigo de um contrato-quadro de serviços de longo prazo. Segundo a gestora, esta relação reforça uma aliança estratégica que oferece continuidade e previsibilidade às duas partes.
Para a Asterion, o mercado português apresenta diversas vantagens, como preços de energia competitivos, boa conectividade terrestre e um ambiente regulatório favorável, “Portugal destaca-se também como um dos mercados de fibra ótica mais avançados da Europa e beneficia de um sistema energético resiliente, apoiado por um investimento significativo em energias renováveis”, acrescenta a empresa.
A conclusão da operação, que ainda depende de aprovações regulamentares, está prevista para o primeiro trimestre de 2026. Esta é a segunda grande operação da Asterion no setor dos centros de dados, depois da venda, no ano passado, da Nabiax – plataforma espanhola que a empresa tinha desenvolvido em parceria com a Telefónica desde 2019.
Inteligência Artificial a partir da Covilhã
Na última reunião pública do executivo covilhanense, o vereador do PSD, Jorge Simões, perguntou ao autarca Hélio Fazendeiro o porquê da estrutura localizada na Covilhã não estar no centro da estratégia nacional para centros de inteligência artificial, à semelhança de Sines. E o que foi feito para que tal cenário “seja diferente”.
O vereador social democrata afirma que a Câmara “tem o dever de colocar o tema em cima da mesa” do Governo, e lembrando os vários incumprimentos da Altice no que diz respeito ao projeto na Covilhã (construção de novos blocos, número de postos de trabalho, entre outros), diz que a autarquia deve “defender a Covilhã no mapa de investimentos” nacionais na área das novas tecnologias.
Hélio Fazendeiro mostrou a sua surpresa por ser “o vereador que representa o PSD “a pedir à Câmara que “peça ao Governo do PSD que coloque a Covilhã nas prioridades”, mas garantiu que a autarquia fará o seu trabalho, aconselhando o vereador a também fazer, já que defende a mesma cor política. “Exerça a sua condição para o fazer, que nós também o faremos”, aconselhou o presidente da autarquia.
Recorde-se que em Sines está anunciado um projeto na ordem dos quase dez milhões de euros para criar o Sines Data Center, um dos maiores investimentos digitais da Europa, “um projeto de impacto estratégico, que exemplifica o caminho a percorrer em matéria de políticas públicas em torno de infraestruturas críticas”, disse o Ministro das Infraestruturas e Habitação, Miguel Pinto Luz, sobre a parceria entre a Start Campus, localizada em Sines, e a Nscale, plataforma global de Inteligência Artificial (IA) com sede na Europa para instalação de um centro de processamento gráfico de grande capacidade, para apoiar a Microsoft no fornecimento de recursos avançados de IA em toda a União Europeia.

