De olhos postos nas auroras boreais

Na noite de sexta-feira, 10, o fenómeno provocado por uma intensa tempestade solar, de que não havia relato há 66 anos, foi observado na Serra da Estrela

São habituais nos polos dos hemisférios, mas na noite da última sexta-feira, 10, foi possível observar auroras boreais no céu da região, tal como de outras zonas do país, devido a uma tempestade solar.

“Como a tempestade solar foi tão intensa, conseguimos observar o fenómeno em latitudes mais baixas, mais a sul, e por isso conseguimos visualizar em várias zonas do país”, explicou ao NC Alfredo Calado, licenciado em Proteção Civil, observador meteorológico e criador da página Meteoestrela.

Ao contrário da cor mais comum nas auroras boreais observadas próximas do Polo Norte, o fenómeno registado na região foi em tons rosa e roxo. A cor está relacionada com os diferentes gases existentes na atmosfera e, no caso dessas tonalidades, estão associadas ao nitrogénio, enquanto o verde se prende com o oxigénio.

“Estamos a observar este fenómeno em latitudes mais a Sul porque estamos próximos do ‘pico’ de atividade solar”, elucidou o observador meteorológico amador.

De acordo com Alfredo Calado, as tempestades solares ocorrem com maior frequência durante o chamado “máximo solar”, quando o Sol está no pico de atividade, o que geralmente acontece a cada 11 anos, e antevê que se possam voltar a observar a estas latitudes auroras boreais a curto prazo.

 

“Em 2025 será o ano em que este ciclo solar vai atingir o pico. Portanto, é previsível que possamos assistir novamente a curto prazo”, disse o criador do portal Meteoestrela.

 

Os relatos destas tempestades eletromagnéticas em Portugal remontam a 25 de janeiro de 1938 e 21 de janeiro de 1951, há 66 anos a última vez, aludiu Alfredo Calado.

Segundo o covilhanense, o fenómeno nestas zonas não é motivo de preocupação, porque “a própria atmosfera da Terra serve de barreira de proteção, à semelhança do que ocorre com os meteoritos e fragmentos rochosos que possam entrar na nossa órbita”.

 

O entusiasta da área acrescentou que a forte tempestade solar resulta em várias erupções solares classe X, as maiores e mais energéticas, que atingiram o campo magnético da Terra, criando uma tempestade geomagnética extrema.

 

“Essa matéria vinda do Sol interage com a atmosfera da Terra, resultando em efeitos luminosos que chamamos auroras boreais”, frisou. No hemisfério sul esse fenómeno ótico chama-se aurora austral.

 

Na noite de sábado, centenas de pessoas subiram à Serra da Estrela, a locais com menor poluição luminosa, para tentarem ver as auroras boreais que na véspera algumas pessoas observaram, mas as condições meteorológicas não eram as mais favoráveis e o fenómeno não se repetiu, como estava novamente previsto para locais escuros ou sem nuvens.

 

As imagens disponibilizadas ao NC foram captadas por Nuno Marques, conhecido como Mancha, técnico nacional de snowboard e residente nas Penhas da Saúde.

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