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Denúncias de violência doméstica aumentam, tal como a gravidade dos problemas

Nos concelhos da Covilhã, Fundão e Belmonte, as denúncias de casos de violência exercida sobre mulheres aumentaram. Todos os anos, há mais 120 a 150 novos casos. Números adiantados pela Coolabora, que fez 16 anos, no Dia dos Namorados

“Uma em cada três mulheres, segundo estudos, é vítima de pelo menos um ato de violência ao longo da sua vida. E, no âmbito da violência no namoro, os mesmos mostram que não há nenhum recuo na área da violência e há números preocupantes”. Foi assim que Graça Rojão, diretora-executiva da Coolabora, explicou o cenário de violência vivido por mulheres em todo o mundo, na passada quarta-feira, 14, dia de celebração do 16.º aniversário da organização, na sede da Coolabora.

Na região, a Coolabora recebe “cerca de 120 a 150 novos casos, todos os anos”. “Há sempre casos em acompanhamento de anos anteriores. No total, são cerca de 260 pessoas, maioritariamente do sexo feminino”, conta a responsável da organização. Mas, segundo a mesma, “o facto de haver mais denúncias não significa que há mais violência, mas sim que ela está mais desencoberta e que é menos tolerada pelas pessoas”, esclarece.

No entanto, Graça Rojão admite que “tem havido um crescimento da gravidade dos problemas de violência”. “O crime de violência doméstica não implica apenas agressão física. A violência psicológica e os mecanismos de controlo são muito significativos, principalmente entre os jovens, assim como existem outras formas de violência, como a violência sexual e a violência económica”, enumera a dirigente.  “Todas estas formas de violência deixam marcas: umas, que são muito visíveis a olho nu e outras que estão mais profundas, mas que não deixam de ser igualmente graves”, acrescenta.

Graça Rojão explica que a maioria das pessoas que pedem apoio à associação estão entre os 30 e os 50 anos. “Sentimos que há duas faixas etárias que têm mais dificuldade em pedir apoio: as pessoas muito mais idosas, porque para elas a violência é natural e sempre fez parte. Naturalizaram a violência. E as pessoas mais jovens, porque também naturalizam a violência e têm dificuldade em assumir que isso lhes está a acontecer”, afirma. “Essas duas faixas etárias são críticas porque não é muito fácil reconhecerem e pedirem apoio”, diz.

“A violência pode atingir qualquer pessoa ao longo da sua vida, não é só algo que acontece às pessoas casadas, heterossexuais, pobres, ou com determinadas características, sejam elas quais forem”, alerta a diretora da Coolabora.

O que é que se pode fazer para ajudar? Graça Rojão explica que “dar suporte e não culpar as vítimas pela violência” é um dos primeiros passos. “É algo que se passa com muita frequência, quando alguém sofre violência, há uma atitude de culpabilizar a vítima. Pergunta-se o que é que ela trazia vestido, o que é que terá feito para lhe baterem, onde é que ela estaria, o que é que andaria a fazer. Há uma tentativa de descredibilização contínua da vítima, que não ajuda nada”, remata.

A Coolabora tem um serviço de prevenção e combate à violência doméstica e à violência contra as mulheres, com gabinetes de atendimento a funcionar na Covilhã, Fundão e Belmonte.

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