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Dez anos de memória digital do NC recuperados em ‘site’

Na página arquivonc.ubi.pt estão alojadas “2661 notícias, mais de 1300 imagens e 372 capas” publicadas entre 2009 e 2019.

Resgatar de um repositório pouco intuitivo uma parte da história da Covilhã e tornar essa informação acessível e navegável foi o que fez um estudante de Engenharia Informática da Universidade da Beira Interior (UBI) que criou uma página na Internet com o arquivo digital do Notícias da Covilhã entre 2009 e 2019, quando passou a ser utilizada uma nova plataforma e os dados anteriores não foram migrados.

Já disponível, o site criado por Rodrigo Silva com uma década de informação do NC pode ser consultado em arquivonc.ubi.pt e na página estão alojadas “2661 notícias, mais de 1300 imagens e 372 capas” do jornal.

A estrutura criada por Rodrigo Silva, orientado por Ricardo Campos, professor que propôs a ideia, partiu da recolha de conteúdos do serviço público Arquivo, que preserva esse tipo de informação, mas é “tipicamente difícil de consultar” e não agrega as pesquisas por órgão de informação, explica o docente.

A partir do código de Rodrigo Silva foi criado um site com as seções de então do NC e o mais parecido com o aspeto da página da altura, com a inclusão de um motor de busca que permite fazer pesquisa de textos, imagens e capas dos NC publicados nesse intervalo de dez anos.

Segundo Ricardo Campos, foram acopladas ferramentas que na altura não existiam e implementadas funcionalidades com recurso a inteligência artificial, que passam pela recomendação de notícias do passado e pela possibilidade de ouvir em áudio as notícias escritas, com voz feminina ou masculina em função do género da pessoa que escreveu o texto.

A possibilidade de partilha ou a possibilidade de pesquisa a partir de palavras-chave nos artigos estão também contempladas.

“Isto é o mais próximo que se estivesse a navegar no antigo ‘site’ do NC, tornando-o mais moderno em termos visuais e permitindo a pesquisa, neste caso, de artigos, imagens e capas, o que é útil ao público em geral, mas a investigadores, jornalistas ou outros públicos”, salienta Rodrigo Silva.

O responsável manifestou-se surpreendido com muitas das notícias recuperadas, acentuou a quantidade de informação agora disponibilizada num ‘site’ para o efeito e considera tratar-se de “um recurso valioso”.

Ricardo Campos, professor e investigador do Departamento de Informática da UBI, acentua que o que o motivou a olhar para esta possibilidade foi ser covilhanense e “e ter percebido que as pessoas tinham perdido o acesso ao arquivo digital do jornal a partir de 2019”.

“Era o acervo histórico digital do Notícias da Covilhã, que é um jornal riquíssimo, centenário, com 111 anos de história e de suma importância para a cidade. A tarefa foi recuperar todo aquele acervo que se tinha perdido”, vinca o docente, que acentua só ter sido possível executar o trabalho devido à parceria com o Arquivo.pt e fruto de esse projeto ter coletado esses dados.

A partir dessa base, Rodrigo Silva desenvolveu código que permitiu recolher todas as notícias e imagens do NC aí depositadas desse período e enviar essas notícias para uma base de dados, a partir da qual pudessem ser trabalhadas.

O professor auxiliar de Informática enfatiza que “este não é um arquivo morto, a intenção é tornar o site dinâmico”. Por isso é possível subscrever uma ‘newsletter’, enviada à quinta-feira, dia de publicação do jornal, com os destaques que foram notícia há dez anos nessa semana e todos os dias a página tem em relevo notícias diferentes do passado.

Além de a UBI mostrar, desta forma, o tipo de trabalho que se faz na universidade, pretendeu-se também “dar à sociedade um pouco da investigação feita na academia”.

O projeto foi distinguido nos Prémios Arquivo com uma menção honrosa, entregue esta sexta-feira, durante o Encontro Ciência, no Porto.

“Foi considerado um trabalho extremamente valioso para a comunidade e tem esta vertente de aproximar a academia das empresas. Neste caso, dos jornais locais”, referiu Ricardo Campos, segundo o qual o modelo criado pode ser replicado em outros órgãos de comunicação social que tenham ficado sem a sua memória digital acessível ao público.

 

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