“Fortalecer e atualizar as estratégias em torno dos bens culturais” e “sensibilizar as comunidades locais para o valor e importância do património e da cultura diocesana”. São estes alguns dos objetivos da Diocese da Guarda, descritos durante o I Fórum do Património, Cultura e Turismo, organizado pelo seu Departamento do Património, Cultura e Turismo (DPCT), na sexta-feira, 2, no Museu de Arte Sacra da Covilhã.
Numa clara aposta em melhorar a estratégia de promoção da Igreja, uma das medidas apresentadas passa pela criação de roteiros turístico-religiosos, com diferentes sugestões territoriais e roteiros turísticos temáticos. “Os adjetivos faltam quando olhamos para o património religioso das várias dioceses do país. É uma riqueza imensa que nós temos e que muitas vezes não fica ao dispor para a sua visitação”, explica Gonçalo Fernandes, docente de turismo e hotelaria do Instituto Politécnico da Guarda (IPG), que apresentou a proposta.
“Quando falamos dos itinerários, estamos a falar de recursos que promovem a visitação destes sítios. Temos de ter o cuidado de o saber conceber de forma articulada, permitindo a visitação cuidada dos espaços, a sua interpretação e criando as memórias e as experiências que o contacto com os locais permite”, adianta. Segundo Gonçalo Fernandes, há um conjunto de vantagens ligadas à visitação do património religioso, tais como a valorização cultural. “A criação e a inventariação de autoestima das comunidades, a conservação, a promoção do valor das paróquias e a criação de uma estima à sua visitação, promovem também o interesse das comunidades e podem gerar rendimentos”, garante.
Com os roteiros, diz o docente, preservam-se os locais na sua dimensão cultural e artística, mas existe por vezes a dificuldade de existir alguém capacitado para promover sítios com ligação ao Evangelho, pelo que, em termos digitais, podem ser criados suportes que ajudem à análise e interpretação do património, “sem perder os valores e a herança histórica que os bens religiosos representam”.
As medidas estão inseridas no Plano de Trabalho para o triénio 2023-2026, que foi apresentado pela coordenadora do DPCT, Dulce Helena Borges. Os principais eixos de trabalho passam pela conclusão do inventário do património móvel e imóvel da Diocese, inserindo-o numa plataforma digital que contenha uma base de dados que facilite a procura por documentos. E também a criação de normativos que, segundo defende a coordenadora, “disciplinem a intervenção no património coletivo”. A Diocese prevê também assinar protocolos de colaboração com universidades, institutos e centros de investigação, de forma a “fomentar o estudo sistemático da Diocese e de outros templos, com particular incidência na área das humanidades, como a história, história da arte, antropologia e sociologia”, através de teses de licenciatura, mestrado, doutoramento ou estágios profissionais.