Os alertas já vieram de diversos quadrantes: desde o Sindicato de Jornalistas, à Entidade Reguladora da Comunicação Social (ERC), Associação Portuguesa de Imprensa (API) ou Associação de Imprensa Diária e Não Diária de Portugal (AID): a anunciada decisão da empresa VASP em deixar de garantir, a partir de 2 de janeiro, a distribuição diária de imprensa em oito distritos do País, entre os quais Guarda e Castelo Branco, compromete o direito à informação e terá um enorme impacto no Interior.
A VASP anunciou que a medida irá afetar, além destes dois distritos da Beira Interior, os de Beja, Évora, Portalegre, Viseu, Vila Real e Bragança. Ou seja, toda uma faixa que fica fora do Litoral. A razão: a quebra de vendas e o aumento dos custos operacionais.
Na região, os autarcas já se manifestam contra esta medida. No final da última reunião privada do executivo covilhanense, na passada sexta-feira, 5, o presidente da Câmara, Hélio Fazendeiro, lembrou que, num tempo em que a era digital dá muita informação falsa, as chamadas “fake news”, “é importante continuar a ter meios fiáveis” no terreno. O autarca recorda que “o direito à informação é inalienável” e considera “indispensável que o Governo assegure o acesso à imprensa escrita”. Além disso, Hélio Fazendeiro mostra-se preocupado com a própria chegada de meios regionais às mãos das pessoas. “Também estes meios podem estar em causa” recorda.
Também o novo presidente da Comunidade Intermunicipal da Região Beiras e Serra da Estrela (CIMBRSE), Carlos Condesso, já disse que essa possibilidade, a concretizar-se “é penalizadora para os territórios de baixa densidade. As pessoas que aqui vivem também são portugueses de primeira”, garante o também autarca de Figueira de Castelo Rodrigo. “Hoje em dia, o nosso território já não fica assim tão longe como estava há décadas atrás. Temos boa rede viária, autoestradas, já chegamos a todo o lado mais rapidamente porque as distâncias são muito menores”, considera Carlos Condesso. Que recorda que o fim das portagens na A23 e A25 também “veio facilitar as acessibilidades à nossa região e reduzir os custos da distribuição, os custos de contexto das empresas”. Para Carlos Condesso, a distância não pode ser um critério para justificar este tipo de medidas “que só contribuem para aumentar as desigualdades e penalizar ainda mais o Interior”.
“A informação é um bom instrumento para a literacia e para formação cívica e crítica dos cidadãos. Além disso, também se trata de um direito constitucional, pelo que ninguém pode ser excluído deste direito básico”, sublinha à Lusa, alertando que o Interior “não pode ser votado ao abandono”.
O ministro-Adjunto e da Coesão Territorial afirmou na segunda-feira que seria “inaceitável” e “inadmissível” que os jornais não chegassem a oito distritos do Interior. “O Governo está disponível para tornar esse cenário impossível”, garantiu Castro Almeida.

