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Do T0 a 600 euros à prestação que não para de aumentar

Os valores das rendas dispararam, a lista de pessoas à espera de habitação social aumenta diariamente e há famílias a serem despejadas. Especulação imobiliária está a aumentar. Dia 27, o movimento “Porta a Porta” sai à rua mais uma vez

“A procura de casa está muito difícil, as pessoas estão a ser despejadas com o argumento de que os senhorios que precisam da casa”, conta Marisa Marques, porta-voz do movimento “Porta a Porta”, pelo direito à habitação, que no próximo sábado, 27, sai à rua mais uma vez para denunciar os problemas da habitação no País. O protesto estará presente em 19 cidades, incluindo a Covilhã, pelas 15 horas.

“O movimento tem pessoas de todos os concelhos e é dramático como a situação se agudiza em todo o lado. No caso de Belmonte e Fundão, temos dado conta de muitas situações, porque há menos oferta”, diz a representante.

Segundo Marisa Marques, este é um problema que afeta todos os grupos sociais. “Temos ouvido muitas histórias, é muito transversal. Mesmo estudantes, imigrantes, pessoas que vivem melhor. Toda a gente acaba por passar por isto. Há muita gente com casa própria, com empréstimos bancários, que também não se vislumbra que haja uma baixa dos juros, que continuam a aumentar e há pessoas que veem a sua prestação mensal a aumentar 200, 300 euros”, relembra.

Na Covilhã, a porta-voz esclarece que o que lhe tem chegado relativamente aos valores de rendas, “é que não se encontra um T2 abaixo dos 600 euros.” Uma família de quatro pessoas (dois filhos), à procura de casa entre a Covilhã e o Fundão, encontra rendas, na maioria dos casos, “acima dos 600, 700 euros”. Na Cidade Neve, explica Marisa Marques, a diferença entre a parte antiga e a mais recente da cidade nota-se, principalmente, nas tipologias de habitação. “Na parte antiga, tudo o que é oferta, é mais direcionado a estudantes, com casas mais pequenas, quartos. Há muito pouca oferta para famílias, que é um grande problema já há alguns anos. Na parte nova há estúdios T0 a 600 euros, o que é miserável”, opina.

“As famílias são apertadas no seu quotidiano, com as contas para pagar. Com o aumento da procura, temos vindo a assistir a um aumento da especulação imobiliária, que torna o arrendamento mesmo muito difícil, e leva ao aumento da procura das casas da habitação social, com uma lista de espera de 150 pessoas e que aumenta diariamente”, revela a porta-voz do “Porta a Porta”.  Esta responsável garante que esta questão também afeta os estudantes, que “escolhem uma universidade do interior por ter preços ainda um pouco mais baixos, mas para um jovem cuja sua única oferta seja nas grandes cidades, vê-se mesmo constrangido e isto hipoteca o futuro dos miúdos. É uma condição que leva muita gente a deixar de estudar no ensino superior. Ou então, têm que procurar os cursos que há mais perto de casa, que não os obriguem a sair”, considera.

Marisa Marques salienta ainda que o arrendamento estudantil dificulta ainda mais o arrendamento a famílias, pelo facto de os proprietários poderem cobrar o preço de renda ‘por cabeça’. “Para um arrendamento com novo contrato, não há balizas. Com quartos a 200 euros, ainda por cima com muitas irregularidades, as pessoas não estão protegidas com contrato e recibo, que é o que mais acontece. Há estes arrendamentos informais que não protegem quem arrenda”, afirma a representante.

A porta-voz do “Porta a Porta” pede, por isso, que haja mais oferta pública de habitação ou a custos controlados, e que haja uma “rebelação ao aumento das rendas e intervenção na banca”. “Se o Estado quer realmente constituir um apoio, este tem de ser ajustado à realidade. Mas se fizessem uma rebelação ao preço das rendas, não tínhamos valores tão caros e o apoio já era compatível. Tem de se trabalhar é na mudança da realidade”, remata Marisa Marques.

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