Procurar
Close this search box.

Do tear para a impressora 3D

Susana Marques, aluna da UBI, está a trabalhar em tecidos produzidos a partir de modelos virtuais e já tem peças de roupa criadas através deste método mais sustentável e que pretende “minimizar a intervenção manual”

No início, foi visto como uma “ideia meio descabida”. Passados anos de investigação, e já com algumas peças completas produzidas, Susana Marques, aluna da Universidade da Beira Interior (UBI), já vê empresas olharem com interesse para a impressão em 3D de tecidos e roupas, tecnologia para a qual olha como o futuro, embora acredite que a integração deste processo na indústria seja gradual.

Na fase final do doutoramento, Susana Marques, de 27 anos, apresenta no início do próximo mês os resultados do que tem feito em Frankfurt, na Formnext, uma das maiores feiras mundiais de impressão em três dimensões, de manufatura aditiva e de tecnologia que permite criar objetos a partir de um modelo virtual.

“Embora desde sempre tenha imaginado que seria possível chegar a este nível de resultados, atingi-los ainda parece algo surreal”, comenta, em declarações ao NC, a designer.

O interesse surgiu quando era aluna de Design de Moda na UBI e começou a explorar a utilização da impressão em 3D como um novo tear, área muito incipiente e em que achou que podia encontrar algo novo.

“Em vez de termos fiação, tecelagem, corte, confeção da peça, reduzimos tudo isso a preparar um ficheiro digital e enviar para uma impressora”, sintetiza a investigadora. A primeira fase passou pela tentativa de criar têxteis confortáveis, elásticos, que fossem viáveis para um uso quotidiano e, além disso, pudessem ser postos nas máquinas de lavar roupa, como qualquer outra peça.

Nos primeiros anos, conta a designer, foi conseguindo produzir amostras, “incríveis” para o processo, mas que ainda entravam na categoria dos não tecidos, até que foi aprofundando o estudo das fibras, dos tecidos, das estruturas dos tecidos, testando as diferentes categorias de impressoras e os limites dos equipamentos, até chegar a algo que é palpável e com o foco na comercialização.

“Agora tenho tecidos, com espessuras iguais aos que usamos no nosso quotidiano, com muitas das mesmas características, com fio de teia e trama, só que concebidos numa impressora 3D”, explica Susana Marques.

Assim que “esse limite foi quebrado”, enfatiza, não a satisfazia fixar-se pela recriação de estruturas já existentes. Entendeu que o caminho seria criar outras, novas, “tirando partido do que só o método de impressão 3D permite”.

Nessa tarefa, as técnicas antigas são fundamentais para chegar a novas e, nesse processo “moroso”, a investigadora recorre ao trabalho manual, à experimentação, à conciliação de vários materiais e técnicas.

Além dos tecidos, Susana Marques tem criadas algumas peças de roupa completas, mas salienta que, devido à quantidade de tempo dedicado a cada uma e aos recursos envolvidos, é provável que esse setor da moda fique, numa primeira fase, apenas acessível ao mercado de luxo, “como fator de distinção e de inovação”, e esteja presente em desfiles de moda.

A evolução da tecnologia poderá ter um papel determinante da democratização das peças criadas a partir de impressão 3D. “Estou constantemente em contacto com as empresas que criam impressoras industriais e parece-me que será algo que pode melhorar rapidamente”, vaticina.

(Reportagem completa na edição papel/PDF desta semana)

VER MAIS

EDIÇÕES IMPRESSAS

PONTOS
DE DISTRIBUIÇÃO

Copyright © 2023 Notícias da Covilhã