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Em oito meses “fez-se história” na cardiologia da Covilhã

No Hospital da Covilhã foram feitos mais de mil procedimentos para o tratamento das obstruções coronárias

Desde que entrou em funcionamento, em fevereiro, a Unidade de Intervenção Cardiológica da Covilhã deu resposta a 720 doentes e realizou mais de mil procedimentos em utentes dos distritos de Castelo Branco e da Guarda, antes a zona sombra do país nesta área.

“Não conheço mais nenhuma [unidade] que em oito meses tenha feito mil procedimentos, entre os quais 200 urgentes”, disse Marco Costa, o cardiologista de intervenção responsável pela equipa. “Fizemos história. É o projeto mais significativo na área da saúde em 2024”, considerou o médico, na segunda-feira, 07, durante a cerimónia que assinalou as mil intervenções, a que seguiu a paciente que aumentou essa contagem para 1035.

O cardiologista prevê terminar o ano na Unidade de Intervenção da Unidade Local de Saúde (ULS) da Cova da Beira com 1500 procedimentos e 500 de urgência. Até ao momento, referiu, nem todos foram casos de sucesso, mas este serviço passou a fazer a diferença para doentes com patologias em que cada minuto conta e que antes tinham de ser transferidos para outras zonas do país.

Marco Costa afirmou que a unidade passou “a ser uma das melhores, senão a melhor do país, a este nível da angioplastia primária”.

“De pior zona de Portugal, passámos a ser a melhor, porque o tempo de espera é muito rápido”, reforçou o responsável, segundo o qual a unidade tem neste momento “muitas ferramentas para o bom tratamento dos doentes e vai ter mais no futuro”.

A enfermeira responsável, Dora Saraiva, adiantou que nos primeiros oito meses foram atendidos 720 doentes: 280 da Covilhã, 239 de Castelo Branco e 201 da Guarda.

A maioria apresenta problemas de hipertensão, 69% são homens, com uma média de 69 anos, enquanto as mulheres representam 31% dos utentes, com uma média de 73 anos.

“Temos aqui algumas diferenças em relação ao panorama nacional. Mais doentes hipertensos, com colesterol não controlado e temos também doentes mais idosos”, sublinhou Marco Costa, que destacou a importância de ter este serviço de proximidade, porque “cada minuto é miocárdio”.

O médico lidera um grupo com mais de cem pessoas, entre as quais a da equipa interna, “em estado muito avançado de formação”, e profissionais de todo o país que se descolam à Covilhã, que o presidente do conselho de administração da ULS, João Casteleiro, disse ser “quase uma seleção nacional”.

A equipa interna integra uma médica, três enfermeiros, dois técnicos de cardiopneumologia, três técnicos de radiologia e outros colaboradores. O objetivo é que dentro de “uns seis anos” exista um número local suficiente de profissionais formados.

O responsável acentuou a importância da formação da equipa e de “ensinar a pescar, para ter a autonomia necessária” no futuro.

João Casteleiro manifestou “gratidão” a quem tornou a unidade possível, após “muita persistência”, e acrescentou que os mil procedimentos são “um reconhecimento” aos que trabalham na equipa multidisciplinar.

“Não é uma unidade para a cidade nem para Castelo Branco, mas para a região e para o país”, enfatizou.

O presidente da Câmara da Covilhã, Vítor Pereira, destacou que se estão “a salvar muitas vidas” e que, com a entrada em funcionamento do serviço, “fez-se justiça a uma zona cinzenta” no país.

A Unidade de Intervenção Cardiológica, que funciona todo o ano, 24 horas por dia, entrou em funcionamento em 1 de fevereiro e em julho foi reforçada, quando passaram a ser feitas aterectomias rotacionais, procedimento para tratar obstruções coronárias causadas por grandes quantidades de cálcio, consideradas essenciais para responder às necessidades dos utentes com angioplastias complexas.

 

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