“Não há condições, não há. Não assinámos nenhum protocolo e por isso não estou muito preocupado”. Foi esta a reação do presidente da Câmara de Belmonte, António Dias Rocha, esta manhã, na reunião pública do executivo belmontense, quando questionado sobre o projecto da Escola de Futebol “Benfica Cova da Beira”, apresentado publicamente em Agosto passado, e que desde Setembro passou a gerir o futebol de formação do clube parceiro, União Desportiva de Belmonte.

O vereador da oposição (PSD), José Mariano, questionou o presidente sobre a “empresa que gere a escola de futebol do Benfica”, dizendo ter informação de que o projecto “já era”, mostrando mesmo satisfação por tal alegado desfecho. “Ainda bem que isso aconteceu. Já ninguém acreditava no seu principal actor e não sei se não era mesmo um caso de polícia” disse o vereador.

Na resposta, António Dias Rocha disse ter reunido esta semana com os pais dos atletas que mostraram descontentamento pelo desenrolar do projecto, e que dizem ter sido defraudados nas expectativas criadas. “Tive uma reunião com os pais e fiz o que tinha que fazer. As coisas não correram bem e a partir de agora, os pais vão assumir a sua responsabilidade. A Câmara dará transportes, pagará os condutores e a organização será com a União Desportiva de Belmonte e os próprios pais” disse o autarca.

Carlos Afonso, vereador da CDU, diz ter acompanhado todo o processo de perto e não tem dúvidas de que “o que nasce torto, tarde ou nunca se endireita”. O autarca lembra o passado da UDB no futebol de formação, com “um palmarés importante” e que “nada nos (Câmara) vincula” ao Benfica. “Provavelmente, é um bem e não um mal que vem. Aliás, do Benfica, desde a apresentação, nunca mais cá vi ninguém” aponta.

Recorde-se que o anúncio de criação da Escola de Futebol “Benfica Cova da Beira” foi em Agosto passado. A mesma iniciou actividade no estádio municipal de Belmonte, no mês seguinte, mas sabe o NC que nos últimos tempos os pais contestavam o projecto. O objectivo era gerir toda a formação do clube parceiro, UDB. “É preciso estar em todo o País e estar mais perto do maior número de miúdos possíveis” afirmava então o director de projectos desportivos de futebol de formação do Sport Lisboa e Benfica, Fernando Pinto.

Tomás Duarte, coordenador técnico da escola, que passou a residir em Belmonte e coordenava todo o futebol de formação não só da escola do Benfica, como da União Desportiva de Belmonte (onde treina os juniores) dizia que o objectivo era “formar homens e mulheres, e eles divertirem-se. Vamos ajudar a UDB, não queremos mudar o que está para trás, mas sim actualizar” explicava o jovem técnico.

André Reis, vereador independente na autarquia, e que esteve na génese deste projecto, frisava que este nascera “há já algum tempo na minha cabeça” e que não se desperdiçava “a oportunidade de trazer para Belmonte uma estrutura que é para toda a região”. “Associar uma marca internacionalmente conhecida como o Benfica ao município é algo que não podemos desperdiçar” garantia. “Tem tudo para dar certo” assegurava o vereador, explicando que nos distritais, os jogadores da UDB equipariam e competiriam pelo clube da terra, e nos torneios internos do Benfica, com as cores do clube encarnado. “A UDB é uma estrutura autónoma, por si, e continuará a ser. No que concerne aos técnicos da UDB, não muda nada, o Benfica não trará novos. E poderão usufruir de toda a formação dada pelo Benfica em Lisboa” afirmava. Garantindo que haveria “um investimento quase estrutural do estádio”.

Fernando Fontes, presidente da direcção da UDB, dizia que “se Belmonte já era muito forte na formação, vai ficar ainda mais. Vamos quase começar do zero e daqui a 2/3 anos, daremos cartas no distrito”. O líder directivo acreditava que, da parte dos sócios, não haveria entraves a ver os jovens jogarem com a camisola encarnada em torneios internos. “Acho que não haverá dissonâncias. Este é um projecto abrangente, e penso que a UDB sairá por cima em todo o processo” frisava.

Já o presidente da autarquia, António Dias Rocha, vincava que “não sou benfiquista, mas é uma honra que o Benfica queira ter uma escolinha em Belmonte. Poderá ser importante para os nossos jovens. É um projecto abrangente, para toda a Cova da Beira, mas poderá ter atletas de outras zonas, para praticarem desporto com qualidade, além de que contaremos com técnicos qualificados.”

O NC pediu, no passado dia 8, por escrito, alguns esclarecimentos sobre esta escola ao departamento de formação do Sport Lisboa e Benfica, mas até ao momento não obteve qualquer resposta.