Notícias da Covilhã- Esta pandemia está a aproximar ou a afastar as famílias?
D. Manuel Felício- São dois aspectos. A pandemia, sem dúvida, é uma oportunidade para as famílias. Estão mais concentradas, encontram-se mais vezes, mas é também uma dificuldade, pois quando a relação é imposta, e não é escolhida, torna-se mais difícil transformá-la em oportunidade. Mas estou convencido que as famílias estão a aproveitar.
A nós, responsáveis pelas comunidades, isso também impõe uma nova exigência. As famílias estão menos connosco, mas temos que as assistir, fazendo propostas, aconselhando, com momentos de oração e formação, indo ao encontro delas.
No que toca às pessoas, o problema do isolamento e abandono existe. E a pandemia veio aumentar o mesmo. Saúdo a iniciativa de telelassistência criada por parte da GNR, que é muito boa, pois se há uma obrigação que não devemos esquecer, é a obrigação de cuidar uns dos outros. Este é mais um desafio à nossa criatividade sobre a forma de estarmos uns com os outros.
Até que ponto, neste quadro de dificuldades, a pandemia pode prejudicar a solidariedade?
Eu espero que a pandemia não prejudique a solidariedade, antes a motive. Na Covilhã, por exemplo, cresceu três vezes mais a procura de alimentos e bens de primeira necessidade. As comunidades, no entanto, estão organizadas e a generosidade tem feito com que se consiga suprir as necessidades existentes. Na Cáritas Diocesana, também cresceu para mais do dobro a procura de produtos de primeira necessidade, alimentos e vestuário, mas felizmente a generosidade tem respondido a isso. Espero que todos nós sintamos este drama social e tenhamos a capacidade de partilhar. Acho que isso está a acontecer.
(Entrevista completa na edição papel)