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“Estamos a dar os passos certos para trazer tranquilidade aos bombeiros”

A liderar, há pouco mais de um mês, a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Manteigas, Cláudio Serra acredita poder dar estabilidade uma casa que no último ano sofreu um grande rombo financeiro

Notícias da Covilhã- Após sucessivos adiamentos de eleições, como é que aparece a liderar esta casa?

Cláudio Serra- Há muito tempo atrás, caminhava aqui com o meu pai. Fui bombeiro, sou-o no quadro de reserva, entrei aqui em 1994, ou seja, os bombeiros voluntários de Manteigas não são uma novidade para mim. Parte da resposta está dada. Há quem diga que, uma vez bombeiro, para sempre bombeiro. É um pouco isso que me levou a não permitir que a associação continuasse no estado em que estava.

E como estava?

Num estado em que até já havia a possibilidade de ordenados não serem pagos. Numa assembleia, em março, propus a criação de uma comissão administrativa, mas a sua constituição nunca chegou a ser permitida. E quando veio um parecer da Liga de Bombeiros, não era a altura indicada, pois estávamos em plena época de incêndios. E pela primeira vez, na história da associação, não tivemos brigadas de primeira intervenção. Ninguém avançaria nessa altura com poderes limitadíssimos, gestão corrente, pois não poderia tomar decisões mais profundas. Talvez tenha sido por isso que as comissões não apareceram. É cada vez mais difícil aparecerem pessoas a liderarem projetos associativos, deste tipo, e principalmente no estado em que a associação estava.

Nove meses sem direção, sem verbas camarárias, sem comando. Foi preciso coragem para avançar…

A coragem vem sempre do facto de ter comigo um conjunto de pessoas capazes, responsáveis. Um misto de juventude e experiência. Temos também um corpo de bombeiros que está no quadro de honra, o que me dá confiança e tranquilidade para liderar o projeto. Há um conjunto de pessoas que estão empenhadas nesta missão.

Um mandato de quantos anos?

Três anos.

Sensivelmente um mês após tomar posse, como é que está a associação?

Encontrámos a associação, do ponto de vista financeiro, numa situação nada agradável. Tivemos um rombo muito pesado, um deles a verba de 30 mil euros que é o subsídio anual atribuído pelo município, fruto de circunstâncias que agora não interessa falar, não foi atribuído.

Há conversações para reverter isso. Vai ser atribuído?

Não. Não vai. Os subsídios ordinários dos municípios assentam num diploma legal que define timings, de apresentação, verificação e atribuição. E todos eles já foram ultrapassados. Os documentos que estavam em falta já não vão a tempo de reverter a questão. Tivemos também um subsídio, no valor de dois mil euros, da Junta de Freguesia de Santa Maria, que não foi atribuído exatamente pelos mesmos motivos. Temos uma verba de 18 mil euros, da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, que está cativa.  Daqui se percebe que, desta soma total, estamos a falar de 50 mil euros.

E como se faz para gerir “a casa” desta forma?

Além da questão financeira, que é preocupante, encontramos ainda algo tão preocupante quanto isso, que é o fosso que existia entre a comunidade e os bombeiros. Estou a falar dos civis e das entidades, de costas viradas. O que num concelho desta dimensão não pode acontecer, porque precisamos de todos e só todos juntos podemos fazer melhor. Começámos já a fazer o trajeto de reversão de tudo o que foi acontecendo, estamos a ser bem-sucedidos. Já temos o compromisso do executivo camarário de que tudo fará, do que estiver ao seu alcance, para ajudar a associação a ultrapassar as dificuldades que terá pela frente. Temos também o compromisso das juntas de freguesia, de particulares, e sinto que estamos a dar os passos certos para trazer à associação a tranquilidade que ela necessita.

Mas como consegue chegar até final do ano sem essa fonte de receita, que é das mais importantes?

Eu, por norma, sou um grande otimista. E sonhador. Acredito que ultrapassaremos estas dificuldades, com o apoio das entidades, e acredito que também aumentaremos o número de serviços, no que concerne à saúde. É uma grande fonte de receita desta casa.

Mas que, normalmente, tem atrasos nos pagamentos…

Mas é um volume financeiro contínuo. Paga-se tarde, mas paga-se. Não podemos é perder serviço, e nós perdemos muito. Até porque quando se pensa em fazer reajustamento a taxas no serviço de saúde, temos que ser ponderados, temos que fazer análise prévia às consequências. E não é nosso objetivo perder serviço. Já aprovámos, em reunião de direção, uma nova tabela, para que seja possível as entidades locais, nomeadamente a Santa Casa da Misericórdia, aumentarem o volume de serviço que perdemos.

(Entrevista completa na edição papel/PDF do NC)

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