“Vinícius, não consigo. Se arranjar um bocadinho, ligo-te”. Foi assim o último dia em que Carlos Raposo teve a barbearia aberta, na zona histórica da Covilhã, antes das novas regras de confinamento geral que o obrigaram, no dia seguinte (sexta-feira, 14), a fechar portas. Por 15 dias. Ou um mês. Ou…talvez mais. Uma azáfama. Foram muitos os que tentaram cortar o cabelo na barbearia do Raposo, antes de esta ter que fechar por imposição da lei. Com a qual o proprietário não concorda. Vinícius, um jovem, teve que esperar pelo telefonema.
O novo estado de emergência, e confinamento geral do País, apesar de ter algumas diferenças em relação ao que aconteceu em Março, tem a maioria das regras aplicadas na primeira fase da pandemia. Na qual, barbeiros, cabeleireiras ou esteticistas, entre outros serviços, tiveram que fechar portas. Razão pela qual Carlos Raposo, 60 anos, não vê o porquê de, desta vez, ter que voltar a encerrar por tempo indeterminado. “Não concordo. Em Março, na outra fase, talvez fizesse sentido, porque não estávamos a contar e as pessoas não estariam preparadas. Não havia álcool gel, não trabalhávamos com marcações, coisa a que nos adaptámos. Hoje, desinfectamos material, temos um penteador para cada cliente, seguimos todas as regras. Que têm sido boas” frisa o barbeiro, que há 37 anos tem a porta aberta na rua Conselheiro António Pedroso dos Santos, quando se desce do mercado municipal para a UBI. “Fez ontem 37 anos que estou aqui. E não me vejo a fazer mais nada na vida” lembra o barbeiro, que recorda que “aqui nunca houve nenhum foco de contágio. Eu nunca estive contagiado, felizmente. E por isso sinto que estamos a ser injustiçados com esta situação e com estas novas normas.”
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