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Este ano há menos cereja no Fundão

É estimada uma quebra a rondar os 70% em todas as variedades

“Estamos no início de maio e ainda temos neve na Serra da Estrela”, comenta, em declarações ao NC, o engenheiro agrónomo Filipe Costa, segundo o qual as temperaturas baixas durante um longo período da floração das cerejeiras deixaram as árvores com pouco fruto e perspetiva-se uma quebra de cerca de 70% em relação a anos normais de produção.

O gerente da associação de fruticultores Cerfundão e produtor acrescentou que a situação é transversal a todas as variedades, embora tenha sublinhado que a qualidade da cereja está garantida.

“As perspetivas são de uma quebra de produção bastante significativa em comparação com anos normais de produção, a rondar os 70% de quebra, motivada pelas condições climáticas muito nefastas no período de floração e do vingamento das cerejeiras, que resultaram em pouca fruta nas árvores”, explicou Filipe Costa.

De acordo com o engenheiro agrónomo, além das temperaturas muito baixas, registaram-se “alguns episódios pontuais de granizo”.  Filipe Costa referiu que se verificou a necrose dos tecidos da flor e a impossibilidade de vingamento do fruto, mas que “as temperaturas baixas fazem também com que os insetos polinizadores não estejam disponíveis para fazer o seu trabalho”.

“Não havendo vingamento do fruto, não há produção de uma forma transversal em todas as variedades, porque este período de temperaturas muito baixas prolongou-se por muito tempo durante a floração”, lamentou.

No caso da Cerfundão, que tem 25 associados e 300 hectares de pomares de cereja, embora nem todos estejam em plena produção, e uma capacidade instalada para trabalhar com 1200 toneladas em anos normais de produção, este ano o responsável antecipa que “não ultrapasse as 400 toneladas” na associação de fruticultores.

Filipe Costa destacou que as condições registadas “não têm qualquer impacto na qualidade, pelo contrário”. “Vamos ter fruto com melhor sabor, com melhor açúcar, com melhor acidez, com maior calibre. A qualidade será potenciada devido ao facto de haver menos fruta nas árvores. Há menos competição dos frutos uns com os outros e a qualidade será beneficiada na comercialização”, acentuou.

Apesar de prever um aumento do preço, Filipe Costa antecipou uma perda de rentabilidade. “A quebra de produção que existe não tem elasticidade suficiente para colmatar a quebra de produção que os produtores têm nos teus pomares, de maneira que vai ser uma campanha negativa em termos de rentabilidade económica”, reforçou o gerente da Cerfundão.

Filipe Costa lembrou que desde 2020 têm sido anos “complicados para a fileira da cereja”, com o impacto económico e social que tem na região. “Os últimos anos têm tido um impacto económico difícil de gerir”, referiu o produtor.

A Cerfundão começou na semana passada a comercializar cereja, uma semana mais cedo em relação ao ano passado, e nos pomares a sul da serra da Gardunha há produtores que iniciaram a apanha na semana anterior.

Filipe Costa elucidou que essa antecipação se deve “à própria fenologia da cultura” e às temperaturas “um pouco mais amenas” em dezembro e janeiro, que fizeram antecipar o ciclo vegetativo.

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