A Fábrica de António Estrella/Júlio Afonso, na Covilhã, distrito de Castelo Branco, foi classificada como Monumento de Interesse Público, segundo uma portaria publicada em Diário da República.
No despacho assinado pela secretária de Estado da Cultura, Isabel Cordeiro, destaca-se que o edifício remonta a 1853 e que está situado na Covilhã, “coração da indústria nacional de lanifícios desde a Idade Média”.
“O conjunto é indissociável do amplo edificado industrial da cidade, convivendo com as ribeiras da Carpinteira e da Goldra, em grande parte responsáveis pela fixação destes engenhos no local”, acrescenta.
Segundo o diploma, a fábrica está inserida nas designadas ‘fábricas de pisos’ e constitui um importante testemunho vivo desta tipologia no âmbito do património industrial português”, sendo “composta por vários edifícios distintos e articulados, alguns dos quais resultado da adaptação de estruturas anteriores, conjugados com uma propriedade agrícola e zonas de lazer que permitiam residir no local”.
“Embora tendo sofrido diversas adaptações ao longo dos anos, a Fábrica de António Estrella, posteriormente adquirida pelo industrial Júlio Afonso, é uma das poucas que chegaram intactas até aos nossos dias, tendo-se mantido em laboração contínua até 2002, conservando ainda a quase totalidade da sua maquinaria”, é referido.
O documento aponta ainda que a classificação da Fábrica de António Estrella/Júlio Afonso reflete os critérios “relativos ao caráter matricial do bem, ao seu interesse como testemunho notável de vivências ou factos históricos, ao seu valor estético, técnico e material intrínseco, à sua conceção arquitetónica e urbanística, e à sua extensão e ao que nela se reflete do ponto de vista da memória coletiva”.
Esta classificação também inclui a fixação da zona especial de proteção (ZEP), que tem em consideração a implantação e a envolvente urbanística e paisagística do agora monumento de interesse público.
“A sua fixação visa evitar o surgimento de intervenções com impacto descontextualizador, salvaguardando a manutenção das características fundamentais do lugar e as perspetivas da sua contemplação e fruição”, aponta a portaria.
Atualmente, esta fábrica agrega a componente fabril e o projeto criativo New Hand Lab, e o pedido de classificação partiu da atual direção da fábrica, em parceria com a Câmara da Covilhã, disse à agência Lusa o proprietário, Francisco Afonso, quando o processo foi desencadeado.
Além da componente fabril, o espaço também integra o New Hand Lab, que se apresenta como um local que promove a criatividade e as iniciativas dos criadores locais.