O conflito armado no leste da Europa tem tido consequências na construção civil. Sendo a Ucrânia um dos principais países produtores de ferro e aço do mundo, a guerra fez com que a produção baixasse e, também por via disso, os preços aumentassem drasticamente. Um problema que tem afetado a construção civil em Portugal, mas para a qual se têm tentado algumas soluções.
Uma delas está a ser criada na Covilhã. A UBI e a Manteivias, empresa de engenharia e construção sedeada em Manteigas, estão a trabalhar numa solução à base de fibra de vidro, que permita substituir o ferro na construção civil.
Segundo a UBI, em comunicado, a investigação conta com os conhecimentos científicos do Departamento de Engenharia Civil e Arquitetura (DECA) e da unidade de investigação C-MADE, e é “um exemplo do apoio à inovação que a UBI pode dar às empresas locais.”
A Manteivias, que tem uma unidade de produção em Valhelhas (concelho da Guarda), pretende desenvolver, em parceria com a UBI, um novo material com base em fibra de vidro, com características semelhantes a uma barra de ferro tradicional. “A aplicação deste produto pode diminuir a dependência do ferro na construção, na agricultura ou noutros setores” explica a UBI, adiantando que o novo material deverá ser “uma mais-valia para Portugal e em termos internacionais, minimizando as potenciais lacunas na disponibilidade do ferro”, expostas recentemente na sequência da guerra na Ucrânia.
Mário Raposo, reitor da UBI, e Pedro Almeida, administrador da Manteivias, assinaram um acordo, na passada semana, que estabelece a cooperação, visando “o desenvolvimento conjunto de projetos de investigação, inovação, apoio técnico e formação nas áreas de construção civil e engenharia, com foco na promoção de produtos e tecnologias inovadoras, caracterização de materiais e capacitação de recursos humanos”.
A UBI irá agora constituir uma equipa técnica adequada às tarefas a realizar, ceder equipamento e instalações necessários e disponibilizar recursos humanos qualificados para a execução dos projetos, garantir a orientação académica dos estudantes envolvidos nos projetos, elaborar e fornecer relatórios do progresso das atividades, fazer cursos curtos de formação, conferências e gestão adequada da propriedade intelectual.
Caberá à Manteivias, segundo a UBI, entre outras, fornecer os materiais, equipamentos e outros recursos necessários para a realização dos ensaios e atividades previstas na colaboração e apoiar a UBI na preparação e submissão de candidaturas a financiamentos nacionais e europeus.
Recorde-se que, segundo dados dos produtores de aço da Ucrânia, na era soviética, a Ucrânia produzia mais de 50 milhões de toneladas de aço por ano. Com o fim da Guerra Fria, a produção foi descendo e, em 2021, foram registadas cerca de 22 milhões de toneladas. O grande golpe veio depois da recente invasão russa, quando a produção não ultrapassou os 6,3 milhões. Antes da invasão, o setor metalúrgico, como um todo, representava dez por cento do PIB da Ucrânia.