Fixar brasileiros continuará a ser aposta em Belmonte

Dias Rocha acredita que estratégia ajuda a combater desertificação e volta a pedir criação de Consulado Honorário

Atrair mão-de-obra brasileira para o concelho, através de empresas ligadas às novas tecnologias, que depois faça de Belmonte a sua nova casa vai continuar a ser uma estratégia definida pela Câmara até, pelo menos, ao final do mandato do atual executivo. Foi isso que garantiu no último sábado, 26, Dia do Concelho de Belmonte, o presidente da autarquia, António Dias Rocha.

O autarca lembrou que têm chegado, nos últimos anos, muitos cidadãos deste país, descoberto por um belmontense, Pedro Álvares Cabral, e ao concelho também têm chegado alguns, em especial engenheiros ligados às novas tecnologias, com empresas com as quais a autarquia tem protocolos de colaboração que, entre outras vantagens, permitem aos brasileiros morarem em Belmonte com a autarquia a pagar parte das rendas. “É também uma oportunidade de combater a desertificação do Interior. Vamos criar condições para que façam deste concelho a sua nova casa” garante o autarca, lembrando o projeto Caravela Digital, que pretende a criação de um pólo tecnológico na futura área empresarial em Maçaínhas, com a fixação de empresas brasileiras.

O facto de, quer no concelho, quer na região, haver cada vez mais brasileiros exige, segundo o autarca, que o “sonho” que há já muito tempo defende, de criação de um consulado honorário, se torne realidade. “Iria evitar as frequentes deslocações ao Porto e Lisboa para tratarem das suas coisas” disse Rocha, que classifica este processo de “longo e difícil”, mas que se mostra convicto de que se tornará real.

Presente em Belmonte, o Cônsul Geral do Brasil em  Lisboa, Alessandro Candeas, elogiou Belmonte como o “melhor exemplo de colonização portuguesa”, uma “terra de tolerância, generosidade e diversidade”, disse que os brasileiros descobriram agora “Portugal para investir e trabalhar, contribuindo para o desenvolvimento de Portugal”, e garantiu que, apesar do processo do consulado não ser da sua jurisdição, em termos pessoais “podem contar com o meu apoio”.

António Dias Rocha, que está a cerca de cinco meses de deixar a presidência da Câmara, assegurou que continuará “a trabalhar até ao último dia” e enumerou uma série de obras às quais ainda quer dar andamento, como as obras nos centros de saúde de Belmonte e Caria, a requalificação da escola sede do Agrupamento, as 100 habitações a custos controlados, a habitação colaborativa em Caria, a nova área de acolhimento empresarial, as obras do Castelo, o Multiusos e o arranjo de estradas, entre outras.  Alem disso, mostrou-se otimista com o trabalho da nova associação de âmbito cultural que no sábado inaugurou uma incubadora de empresas, apresentou o projeto de reconversão do piso térreo do antigo mercado e que quer construir também um hotel na vila, junto ao rio Zêzere. “Esta parceria irá dar frutos” acredita o autarca.

A autarquia distinguiu uma instituição, a Comunidade Judaica, e oito personalidades:  José João Brum, juiz do Julgado de Paz de Belmonte, Ernesto Carvalho, cardiologista, Mário José Cabeças e Sérgio Gomes, campeões do mundo de clubes de pesca feeder em água doce, Adriana Mendes, jogadora de futsal, João Nuno Vicente, esquiador, e a título póstumo, o empresário José Manuel Casteleiro. Além destes, o mais famoso: o ator Joaquim de Almeida, cujo a avó era natural de Inguias. A estrela de Holywood foi mesmo o único agraciado a falar. “A minha avó tinha muito orgulho em ter nascido em Belmonte. Hoje iria ter muito orgulho em me ver receber esta medalha” disse Joaquim de Almeida, que elogiou a autarquia por, contra a corrente que outros seguem, “apoiar as artes”.

Foi ainda assinado com as câmaras de Almeida e Carregal do Sal o protocolo da “Rota da Tolerância, Liberdade e Paz”, que visa colocar em evidência os feitos de Aristides de Sousa Mendes, que ajudou a salvar milhares de judeus durante o Holocausto. Segundo o responsável da autarquia de Carregal do Sal, um ato com significado quando “o mundo anda todo às avessas”.

O caráter tolerante de Belmonte foi também elogiado por Luís Campos Ferreira, líder da União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa (UCCLA), que Belmonte integra, tal como a Covilhã. “Belmonte é um bom exemplo de várias coisas. E é fácil criar logo paixão. É exemplo de uma interioridade que tem forças vivas para mudar a vida económica, social e cultural da comunidade. É exemplo de pluralidade, de multiculturalidade, de tolerância, e de convivência de pessoas diferentes. Nos dias de hoje, de radicalismos e posições extremadas, Belmonte dá-nos lições de vida” disse o responsável.

Uma cerimónia em que foram ainda distinguidos funcionários da autarquia com 20, 25, 30 e 35 anos de “casa” e os melhores alunos do sexto, nono e 12º ano do Agrupamento de Escolas. No nono, os dois alunos contemplados com uma viagem ao Brasil foram José Miguel Elvas e Letícia Teles.

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