É verdade que Manteigas é natureza. E é verdade que dali brotam das águas mais límpidas do País. Mas também é verdade que, de há alguns anos a esta parte, este ativo não é aproveitado, pelo menos, em termos comerciais. Desde que, em 2019, a fábrica que explorava a água que brotava da fonte Paulo Luís Martins, em Manteigas, fechou, que esta concessão ficou “em banho maria”, sem aproveitamento, face aos processos que decorrem nos tribunais. Algo que, segundo o vereador do PS, Tomé Branco, tem que se ultrapassar.
Na reunião do executivo do passado dia 3 de fevereiro, o vereador socialista sugeriu ao presidente da autarquia, Flávio Massano, a realização de um estudo externo, por parte de uma consultora independente, sobre a concessão de água, que “possa ficar para um futuro executivo.” Tomé Branco lembrou que aquela fonte poderia ser “um valor acrescentado” para o concelho, caso fosse explorada, e deixou a recomendação de que, até final do mandato, o executivo possa ter em mãos um estudo que indique qual o caminho a seguir. Com definição das regras para que a água possa ser explorada.
Também o vereador do PSD, Nuno Soares, concorda com esta medida. “Subscrevo a proposta. Já tinha sugerido ao executivo anterior. Aquela água deve ser rentabilizada. É um desperdício de um recurso que temos no nosso território” salienta.
O presidente da autarquia, Flávio Massano, mostrou-se aberto à sugestão deixada pela oposição. Mas lembrou que o processo anda nos tribunais, e que nisso, a Câmara não pode mexer. “Falei com vários empresários que dizem que a condição essencial é que a fábrica possa depois servir para o engarrafamento. Não é impossível resolver de outra maneira, mas é muito mais difícil. Interessados, há, tinha era que haver um final do processo judicial, no qual a Câmara nada pode fazer” explica.
A água da fonte Paulo Luís Martins foi explorada até 2019 pela Glaciar Valley. Porém, nessa altura, a fábrica, localizada em Manteigas, fechou. Além de, em tribunal, ter havido a disputa em relação à propriedade da fonte (que ficou provado pertencer à Câmara), também houve um arrastar da situação quanto à propriedade das instalações e bens (disputada por dois grupos da empresa exploradora). Na altura, cerca de 14 pessoas ficaram sem emprego, numa empresa que comercializava aquela que fora considerada, em diversos concursos, a melhor água do mundo, vendida para mais de 20 países. A Câmara, em 2020, chegou a anunciar que iria lançar um concurso para exploração deste recurso, mas a verdade é que, para já, a água daquela fonte continua sem ser aproveitada para fins comerciais.